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O insuperável verde da esperança

Bartyra Soares
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 07/01/2020 03:00 Atualizado em: 07/01/2020 09:01

Há várias formas de se cantar e exaltar o verde: a do poeta García Lorca, no Romancero Gitano, um dos mais expressivos livros da poesia espanhola, que, mesmo num apelo: “verde que te quero verde”, não lhe foi concedida a alegria, por haver sido fuzilado em 1935, para alcançar o ponto alto do seu ideário poético.

Olavo Bilac, na sua expressão poética histórico-nacionalista, descreveu um sonho em verde, de Fernão Dias Paes Leme, em O caçador de esmeraldas, celebrando as verdes ramas, as flores verdes, as águas e o céu, de um lado a outro completamente verde, de onde choviam as esmeraldas. As tão sonhadas esmeraldas que imprimiriam um novo rumo à terra dos desbravadores e dos habitantes do novo mundo.

Por fim, veja-se o verde na ação através da arte criativa do paisagista Roberto Burle Marx, que se consagrou um dos maiores defensores do verde no Brasil e países afora, fazendo “poemas vivos”, palpitantes, belos. Verdes versos de flores em jardins no meio do concreto das grandes cidades entulhadas de espigões, viadutos e pontes. O Recife é uma destas cidades privilegiadas. Basta lembrarmos a Praça de Casa Forte, a Praça Euclides da Cunha, a Praça da República, entre tantos outros redutos paisagísticos.

Quer Burle Marx, o poeta dos jardins, quer Bilac com seu sonho ou Lorca com seu desejo não satisfeito, é impossível esquecer tantos outros que exaltaram o verde da esperança na arte pictórica, na literatura, na música, na escultura. Todos foram e são, de uma forma ou de outra, legítimos representantes da esperança humana. Esperança de que haja uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. E o Verde poderá ser complementaridade deste fato. É suficiente descobrirmos que nosso polegar possui a capacidade de fazer brotar, onde quer que toquemos, as flores do bem, como idealizou o escritor Maurice Druon, no seu livro O Menino do Dedo Verde.

Assim, a cada final e início de um novo ano, este verde-esperança tão cantado e propalado, parece ainda mais iluminar-se nas batidas do coração da humanidade. Afinal, estamos dando início a mais um ano. Janeiro é sempre tempo de reflexão, de renovação de planos, renascimento de expectativas. É época de despertarmos para outros sonhos, elaboração de objetivos e importantes metas, tanto para nossas vidas, iniciativas familiares, acadêmicas e profissionais.

É o verde de Mário Quintana, poeta gaúcho, anunciando que há um salto lá de cima, do 12º andar de um edifício, que não é para o trágico encontro de alguém com a morte. É o seu versejar de que “quando todas as sirenes, todas as buzinas, todos os reco-recos tocam, ela se atira: a esperança”. Joga-se do 12º mês do ano para dar início à caminhada de um novo tempo.

Vivamos este tempo de forma tão ampla, tão real, que nem os verdes de todos os matizes dos mares, dos rios, de determinados animais e plantas sejam capazes de superar a nossa esperança, para que possamos ser grandiosos na colaboração da construção de uma nação digna de sua história que remonta a mais de quinhentos anos.

História representativa, variada, da formação das etnias do povo brasileiro. para isso é imprescindível contarmos sem recuos ou desconfianças e contradições, de forma absoluta, com os poderes judiciário, executivo 0e legislativo, de maneira que todos façam jus às funções que ocupam, dignificando o Brasil, já de há muito merecedor de usufruir as benesses e grandezas de um país de primeiro mundo.

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