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Nazismo e sociedade brasileira

Raimundo Carrero
Jornalista e membro da Academia Pernambucana de Letras
raimundocarrero@gmail.com

Publicado em: 20/01/2020 03:00 Atualizado em: 20/01/2020 11:29

Sim, tentei, sim....tentei evitar este tema no meu artigo da semana mas ele é tão grave, tão extraordinariamente grave, que foi inevitável, impossível ficar ausente do debate, silenciar e deixar a banda passar. Não, não pode ser, preciso escrever, e escrever de forma bem clara e bem objetiva. O pronunciamento do ex-secretário da cultura, chamado Roberto Alvim, um pseudônimo, foi algo tão cruel, tão doloroso, tão dolorosamente cruel, que não permite o silêncio.

E não é apenas para participar. Preciso rejeitar, veementemente, com a força do meu corpo e da minha alma, o plágio que fez de Goebbels, o canalha pensador do nazismo. Aquele que criou o pensamento nazista e que é, portanto,  núcleo deste projeto político. Plagiar é muito pior do que copiar, vai mais longe ainda. Assim: se apossa da alma do autor e passa a viver com as suas sentenças. Não simpatiza com as ideias e passa a ser elas.

Dessa forma, colocaria no governo a definição nazista. Portanto, a definição e a prática. Foi demitido, mas devia ter sido demitido há mais tempo. Em primeiro lugar quando ofendeu, de forma muito grosseira, a atriz Fernanda Montenegro, 93 anos, um dos símbolos da nossa cultura e, depois, quando nomeou para a presidência da Fundação Palmares um gestor pra quem a escravidão foi benéfica para os negros na vida contemporânea. Escravidão benéfica? Ave Maria.... Isso é muito mais do que uma estupidez, é uma agressão sem conta. Algo inimaginável. E ficou por isso mesmo.

Acredito que Alvim foi demitido no terceiro episódio porque o presidente temeu a reação de Israel, que seria profundamente danosa ao país. Os dois primeiros casos pareceram de menor importância, afinal eram assuntos caseiros, e os assuntos caseiros não parecem preocupar esse governo.

O próprio presidente tem o hábito de perguntar pela mãe dos repórteres. Esta forma grosseira de conceder coletivas está se transformando num hábito. E tem gente que acha certo. Bom, então não existe mais insulto. Tudo pode. Ninguém questiona mais. O mundo muda tanto mesmo, não é?

Creio que ouviremos ainda alguma justificativa ou reflexões esta semana. E não adianta tugir nem mugir Afinal, a sorte está lançada. Como diz a sentença popular: a gente se acostuma até com o que não gosta.T´esconjuro...

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