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Editorial Lixo, problema que se agrava

Publicado em: 06/01/2020 03:00 Atualizado em: 06/01/2020 09:19

O descarte inadequado do lixo doméstico, industrial, hospitalar e comercial continua tirando o sono dos que o consideram agente poluidor que deve ser contido com urgência. No país, mais de 40% dos 78 milhões de toneladas de resíduos gerados por ano não têm destinação correta, pois ainda predominam os lixões em mais da metade dos municípios brasileiros, com reflexos negativos em um número muito maior de cidades, o que constitui incontestável ameaça aos centros urbanos e à saúde da população, sobrecarregando, ainda mais, o combalido sistema de saúde pública.

Diante dessa realidade e em meio ao aumento do interesse pela reciclagem e coleta seletiva, o que, comprovadamente, reduz bastante a poluição causada pelo lixo descartado sem critérios técnicos, cresce o apoio à ideia de uma reformulação total do esquema de coleta e tratamento dos resíduos sólidos. O certo é que se medidas concretas não forem adotadas num curto espaço de tempo, com mudança radical dos atuais padrões de coleta e destinação do lixo, a quantidade de resíduos despejada no planeta crescerá cerca de 70% até 2050, com consequências imprevisíveis.

O primeiro passo para a mudança de comportamento é a conscientização dos cidadãos sobre a gravidade da questão. Mostrar que a coleta seletiva, que proporciona a reciclagem, é passo fundamental para a mitigação do problema, já que as dificuldades financeiras são enormes na maioria das administrações municipais para adotar a coleta seletiva. Pesquisa recente mostra que 75% das pessoas consultadas dizem não separar os materiais recicláveis. Ocorre que não existe incentivo econômico para que a população passe a adotar o novo modelo de coleta.

O Plano Nacional de Resíduo Sólido de 2012 prevê o incentivo econômico como ferramenta primordial para financiar os serviços de limpeza pública e orientar os moradores dos centros urbanos. Assim, os que poluirem deverão pagar pelos seus atos, com a criação do conceito do “poluidor pagador”. Essa experiência já acontece, com êxito, há quase três décadas em outros países das Américas, Europa e Ásia, e só agora começa a ser debatido no Brasil, que não pode perder mais tempo.

A proposta é que as prefeituras criem a precificação por unidade habitacional, em substituição ao modelo atual de cobrança de uma taxa fixa pela coleta do lixo. O sistema funciona como o de energia e água e esgoto, com cada casa recebendo uma conta individual pelo consumo. No caso dos resíduos, quanto menos coleta seletiva maior o valor da conta no final do mês. Como diz o ditado popular que o que mais dói no ser humano é o bolso, essa solução amplamente, usada na União Europeia, deve ser implementado sem perda de tempo no país.

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