Diario de Pernambuco
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Blob

José Carlos L. Poroca
Executivo do segmento shopping centers

Publicado em: 09/01/2020 03:00 Atualizado em: 09/01/2020 09:03

Disseram, já faz tempo, que Rui Barbosa se encontrava no leito de morte quando colocaram uma vela acesa em sua mão. Quis saber o motivo e explicaram que era para iluminar o caminho entre a terra e o céu. O jurista baiano sussurrou a conhecida “morrendo e aprendendo” e deu o último suspiro. Não acredito que o fato tenha acontecido nem na participação de RB no episódio. Estou reproduzindo o que ouvi e ficou gravado. Na verdade, ela veio a propósito do “morrendo e aprendendo”.

Achava que conhecia boa parte dos animais existentes e catalogados no Planeta e até fora dele, como o cavalo de São Jorge. Já vi galinhas, jumentos, cachorros, gatos, coelhos, porcos, pássaros etc.; anfíbios (sapos e pererecas); insetos (muriçocas, moscas, formigas); répteis (tartarugas, cobras) e vai por aí. Se relacionar todos os “conhecidos”, esta página seria insuficiente para listar todos.

Os “meus” animais catalogados têm relação estreita com humanos. Há sujeitos que se assemelham a porcos; outros, a gambás (não precisa explicar os porquês); fulaninho é tal e qual um tamanduá (pelo cheiro e pela quantidade de pelos); um ex-vizinho parecia uma ema; só quando dançava – é bom esclarecer. E há aqueles que se comportam como serpentes ou leopardos: ficam à espreita e dão o bote na hora.

Agora, soube de mais um: o blob, uma criatura que “não tem boca, estômago, olhos, tampouco pode detectar ou digerir alimentos. Também não tem braços ou pernas, mas consegue se locomover — e, em um único dia, dobrar de tamanho”. Não estou inventando. Existe e, no seu mundo, não há machos ou fêmeas, mas 720 sexos diferentes. O número não tem nada a ver com gênero, refere-se ao número de células sexuais produzidas pelo bichinho.

O blob, com suas características próprias, possui semelhança com os humanos? - Sim, tirando esse negócio dos 720 sexos, pode ser comparado aos nordestinos do meu Brasil. Só para exemplificar: os de cá, não digerem qualquer alimento, a grande maioria não aprecia o caviar nem queijos ‘fortes’, mas, por outro lado, come preás, timbus (sariguês), tanajuras, lagartos, tatus, tripas cozidas etc.

A referência aos da minha Região não tem nada de depreciativo e tem mais a ver com realidades de quem conhece os interiores do País. Há outras diferenças entre o blob e os conterrâneos: a memória. A do blob é extraordinária; a dos nordestino, tem falhas. De tempos em tempos prometem coisas aos nativos; passa o tempo e os de cá esquecem o que foi prometido; vem outros, fazem as mesmas promessas, os nativos acreditam e a história se repete. 2020 está aí. Vamos ser mais blobs e menos crédulos em promessas que não serão cumpridas. Feliz ano novo!

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