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Pernambuco perde ceramista e pintor famoso

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 20/12/2019 03:00 Atualizado em: 20/12/2019 09:04

Vítima de uma grave infecção respiratória, Pernambuco perde, neste 19 de dezembro, o famoso ceramista internacional Francisco Brennand, de 92 anos de idade, após dez dias Internado no Real Hospital Português. Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand foi diagnosticado com sintomas e sinais de pneumonia e mesmo submetido a intensivo tratamento, por parte da equipe médica, não resistiu e veio a falecer.

Brennand nasceu no Engenho São João, no bairro da Várzea, nesta cidade, em 11 de junho de 1927. Após um curto período de estudos na cidade serrana de Petrópolis, no Rio de Janeiro, voltou para o Recife, em 1939, dando continuidade ao seu curso ginasial no Colégio Marista e logo deu demonstrações de seu talento ceramista, graças aos ensinamentos que obteve na Cerâmica São João, uma criação de seu pai, Ricardo de Almeida Brennand, tendo como mestre o não menos famoso escultor Abelardo da Hora. Também foi um de seus mestres o pintor Álvaro Amorim, menos conhecido, mas um dos principais responsáveis pela fundação da Escola de Belas Artes de Pernambuco, que revelou grandes talentos regionais. Com ele, Murilo Lagreca, indiscutivelmente, foi outro grande incentivador dos trabalhos que já eram executados por Francisco Brenand. Já aos 21 anos de idade recebia com seu quadro “Segunda Visão da Terra” sua primeira premiação, promovida pelo Salão de Arte do Estado.

Aos poucos, revelou-se ao mundo como pintor, desenhista ilustrador, desenhista, gravador, escultor e ceramista. Seu sonho era restaurar a antiga olaria, construída por seu pai, em um autêntico ateliê, o que conseguiu, em 1971, quando inaugurou a bela Oficina de Cerâmica Francisco Brenand, na Várzea, que passou a ser visitada por milhares de apreciadores de suas internacionais obras.

Nem eu resisti à vontade de conhecer de perto suas criações e, em mais de uma vez, fui frequentador de seu local de trabalho, em que exibia as preciosas peças que laborava. Não me contentei em apenas conhecer suas obras geniais, que foram exibidas, inclusive, na célebre II Bienal de Barcelona, em 1955, várias fotos tirei ao seu lado e guardo todas com muito carinho. Era muito gentil com todos que frequentavam sua monumental oficina.

O mural cerâmico exposto na entrada do Aeroporto Internacional dos Guararapes é de sua lavra e chama a atenção de todos que por ali transitam, inclusive estrangeiros. Suas telas estão espalhadas por toda parte. Entre murais, esculturas e painéis, dezenas de suas obras valiosas são vistas em quase todas as partes do Recife. Também, em outras cidades fora do estado e mesmo do Brasil.

Parte o genial pintor e ceramista pernambucano, mas permanecem vivas suas grandes obras.

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