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Dezembro um sopro de lembranças

Marly Mota
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 31/12/2019 03:00 Atualizado em: 31/12/2019 09:09

Em terreno ajardinado com balanços de rede atrelados aos galhos da velha mangueira, com espreguiçadeiras de lona e bancos de madeira ao derredor nos terraços da espaçosa casa da Rua Bento de Loyola. O nosso filho caçula Sérgio, morando fora de casa pelo casamento com bela Flávia Lúcia, deram-me a primeira neta Mirella. Forte razão para não deixar Casa Forte, onde na Avenida Dezessete de Agosto, 1.869 moro até hoje, procurando me adaptar aos pequenos espaços. De uma salinha fiz meu ateliê, procurando nas estantes espaços para os livros de escritores de fora e das nossas convivências, muitos deles foram nossos amigos e compadres: César Leal, Tadeu Rocha, Moacir de Albuquerque, Nelson Saldanha, entre outros. Adepta ao computador, escrevo e leio. A janela me alegra com a paisagem do Poço da Panela e os beija-flores, na disputa da água e proteção. Nas paredes, algumas telas de artistas conhecidos, entre os quais, os quatro desenhos originais de Lula Cardoso Ayres, do meu livro Pátio da Matriz. Logo à entrada coloquei uma observação de Mauro Mota: “Crítico de pintura não é o que vê, é o que ouve as cores.”.

Sem paredes para tantos quadros, procurei dar espaço ao quadro Damas do Baralho, de autoria de Mauricio Motta, onde, neste fabuloso trabalho ele se deixa ficar como pintor e poeta. Entre as telas distribuídas, a do pintor Mário Nunes, com dedicatória à minha filha Teresa, em trabalho de 1978: “O motivo dessa pintura representa a Igreja de N. S. do Ó, Pau Amarelo. Abraços para Marly e Mauro Mota.” O compositor Capiba, meu primo, desenhou a figura de um homem com sombrinha aberta dançando o frevo. Enquanto no ateliê, na companhia dos filhos, ouvíamos a canção de Solveig de Grieg, a data 13 de dezembro deste ano de 2019 saltava do calendário, anunciando o aniversário de 70 anos do nosso Maurício Motta, confirmado nesta crônica, edição de hoje, pelo tradicional Diario de Pernambuco. Com a música, permanecemos na mesma sala ouvindo a canção de Solveig de Grieg, que nos trouxe neste dezembro, um sopro de lembranças.

A nossa Academia Pernambucana de Letras, na sessão do dia 2 de dezembro, homenageou o poeta Carlos Pena Filho. Ainda muito abalada compareci à sessão, amparando-me em meu filho Eduardo. Margarida Cantarelli e Luzilá Gonçalves, lado a lado na presidência da Academia Pernambucana de Letras, em tempos que permanecerão inesquecíveis. À mesa o escritor Lucilo Varejão Neto, literalmente eleito presidente da Casa, com os demais ocupantes da diretoria. O acadêmico, poeta e amigo Paulo Gustavo, com o seu jeito desprendido e encantador, deu uma aula sem perder as atenções dos ouvintes. Na sessão sentei-me mais atrás ao lado dos poetas, meus amigos, Ângelo Monteiro e José Mário Rodrigues, ambos cordiais, unânimes, foram aclamados com depoimentos sobre o homenageado. Depois de alguns anos, encontro nessa tarde com a amiga Tânia Carneiro Leão, de minha convivência na casa amiga dos seus pais, Eufrásio e Otília Barbosa, quando Otilia sua mãe, mostrava a Mauro Mota os sonetos do futuro genro Carlos Pena Filho. Mauro, entusiasticamente, o divulgou nas páginas do Suplemento Literário que dirigiu no Diario de Pernambuco.

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