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Editorial Desafio na educação

Publicado em: 07/12/2019 03:00 Atualizado em: 08/12/2019 19:42

O Brasil corre contra o tempo para colocar seus estudantes de ensino médio - os últimos três anos antes do ingresso na universidade - na escola de tempo integral, o que, comprovadamente, facilita o acesso à educação superior e oferece melhores possibilidades no campo profissional, inclusive em relação a ganhos salariais maiores quando ingressarem no mercado de trabalho. Estados e o Distrito Federal têm pela frente a difícil tarefa de cumprir o que prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O grande desafio do novo ensino médio em tempo integral é aumentar para nove horas diárias a carga horária nas escolas públicas de todo o país, a partir do ano que vem, com o objetivo de ampliar a permanência do aluno no local de aprendizagem.

De acordo com as normas adotadas pelo governo federal no ano passado, as escolas estaduais de ensino médio têm de aumentar a carga horária no decorrer dos próximos cinco anos em pelo menos metade dos estabelecimentos de ensino. A proposta do novo modelo prevê elevação gradativa das 800 horas para 1.400 horas anuais. Nos primeiros cinco anos de vigência do ensino médio integral, as escolas já devem oferecer 1.000 horas de aula por ano. Essa é a meta prevista pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que determina a oferta do ensino integral em, no mínimo, 50% dos educandários públicos até 2024.

Atualmente, esse modelo é adotado em pequena escala em todas as unidades da Federação e no Distrito Federal, mas muito ainda tem de ser feito para a universalização desse avanço na política educacional brasileira. Números do PNE revelam que, em 2017 (ano do último levantamento), o país tinha apenas 8,7% de matrículas em escolas em tempo integral. Especialistas apontam que, no mundo, não há qualquer caso de ensino médio de qualidade em tempo parcial. Nas nações desenvolvidas, a regra é a jornada ampliada na aprendizagem.

No Brasil, Pernambuco é o estado com a melhor performance e serve de exemplo para os demais entes federativos. A expectativa é de que, no ano que vem, mais de 60% das escolas estaduais pernambucanas já tenham adotado o ensino em tempo integral. O estado é pioneiro na implementação do novo modelo, tendo passado da 21a colocação no Índice de Desenvolvimento Básico de Educação (Ideb) para o primeiro lugar em 2015. Hoje, ocupa o terceiro posto.

A intenção dos formuladores da política educacional do país é que, com o aumento do tempo de vivência dos estudantes nas salas de aula e demais ambientes dos estabelecimentos de ensino, haja uma melhora nos níveis críticos de aprendizagem atuais — o Brasil se saiu muito mal na última pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre as 79 nações avaliadas. Espera-se, também, que possa ser estancada a evasão escolar, grave problema a ser sanado.

Certo é que o país alcançará índices satisfatórios em sua política educacional quando a escola transformar-se em incubadora dos projetos de vida dos jovens. E o ensino médio em tempo integral é uma estratégia de vital importância para o desenvolvimento integral dos estudantes, que vão vivenciar um mercado cada vez mais competitivo e desafiador.

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