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Editorial A hora das boas notícias

Publicado em: 16/12/2019 03:00 Atualizado em: 16/12/2019 09:44

Enfim, a economia do país está reagindo. Depois de dois anos de uma recessão brutal e de outros três patinando, o Produto Interno Bruto (PIB) tem tudo para crescer pelo menos 2,5% em 2020. Não é um resultado dos sonhos, mas é um importante sinalizador de que o Brasil pode deslanchar se a política econômica se mantiver no caminho certo e se o Congresso der sua contribuição ao aprovar as reformas que todos anseiam, sobretudo, a tributária.

Todos os indicadores recém-divulgados apontam para a retomada da atividade. Indústria, varejo e serviços registram taxas positivas. Não por acaso, o IBC-Br, índice calculado pelo Banco Central e visto como uma prévia do PIB, contabilizou, em outubro, crescimento pelo terceiro mês seguido. Mais: o risco-país desabou para a casa dos 100 pontos, o que não se via há muito tempo, os juros, de 4,5% ao ano, são os menores da história, a Bolsa de Valores de São Paulo bate recordes consecutivos e a Standard & Poor’s, a mais importante agência de classificação de risco do mundo, mudou a perspectiva da nota do Brasil de estável para positiva. Tudo isso com a inflação sob controle.

É verdade que esse conjunto de fatores não pode ser visto com euforia. Mas, sim, com alívio, depois de um longo período de o país se debatendo para sair do atoleiro. Há muito a ser feito, especialmente no que se refere ao mercado de trabalho. Pelo menos 12 milhões de pessoas estão sem emprego e outros milhões dizem que não ganham o suficiente para bancar despesas básicas. Não é só: as desigualdades sociais continuam latentes. Tanto que o Brasil caiu uma posição, da 78ª para a 79ª, no ranking de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Portanto, o governo não deve se acomodar, acreditando que a economia vai decolar por inércia. Há entraves demais segurando a produção e o consumo: excesso de tributos, infraestrutura precária, educação deficiente, produtividade em baixa. Superar esses obstáculos exige comprometimento e não combina com discursos populistas e ideológicos. A missão de colocar o Brasil definitivamente na rota do desenvolvimento, com melhor distribuição de renda, requer harmonia entre os Poderes, não um confronto movido interesses menores.

No Congresso, o esforço pelo crescimento terá de ser redobrado. O próximo ano será muito curto para a aprovação de projetos tão importantes — além da reforma tributária, há as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que propõe uma ampla revisão do Estado. Com as eleições municipais de outubro, o Legislativo terá apenas cinco meses para atender as demandas do país. O que alivia é a postura reformista adotada pela Câmara e pelo Senado, que independe do Palácio do Planalto. Foi a perseverança de deputados e senadores que tornou realidade o ajuste no sistema previdenciário.

Daqui por diante, a população terá papel fundamental para evitar que as chances de retomada da economia sejam desperdiçadas. A cobrança sobre o governo e o Congresso deverá ser intensa. O Brasil, com tantas mazelas, não pode mais se dar o luxo de desperdiçar a oportunidade de crescer por anos a fio. A hora é de união e grandeza, não de bravatas.

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