Diario de Pernambuco
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Turismo sem partido

Luiz Felipe Moura
Presidente da ABRAJET-PE
Abrajet.pe@bol.com.br

Publicado em: 28/11/2019 03:00 Atualizado em: 05/12/2019 14:23

Não é sem razão que o aparelhamento político dos órgãos públicos, em todas as instâncias, é tão severamente criticado pela sociedade. A acidez das críticas não se dá em razão de simpatias ou antipatias ideológicas, mas na dificuldade em se obter resultados positivos e duradouros para os muitos segmentos da economia, dentre eles, e em especial destaque, o turismo, pois de nada adianta ter potencial para o desenvolvimento e consolidação da atividade se a gestão não for minimamente independente dos interesses partidários que indicam correligionários para ocupação de funções e técnicas.

Insistir nessa prática histórica e execrável é condenar a mobilidade e dinâmica com que o turismo se desenvolve reduzindo-o a mero espectador das grandes mudanças demandadas pelos públicos mais exigentes e praticamente de todas as camadas sociais, pois os produtos e possibilidades da indústria do turismo têm capacidade de prover entretenimentos e lazer para todas as faixas de consumo, seja no Brasil ou em qualquer outro país, sem falar na inclusão social permanente através da criação crescente de postos de trabalho.

É público e notório a prática dos governantes em lotear cargos executivos com deputados e vereadores, abrindo caminho para que correligionários não eleitos possam usufruir de um mandato legislativo e assim apoiar seus padrinhos na aprovação de leis estaduais e municipais, prática também existente no âmbito federal. Consequentemente, os maiores prejuízos recaem sobre a população, impedida de almejar novos empregos, empresários que vêm seus investimentos ruírem e os próprios equipamentos, de lazer, entretenimentos e rede hoteleira fecharem suas portas e demitirem seus colaboradores por falta de demanda.

Por mais que queiram, os dublês de executivos, muitas vezes marinheiros de primeira viagem legislativa, sequer imaginam o tamanho do desafio que terão pela frente, mas a estratégia política de cada partido, de forma empedernida, arrogante e autoritária ignoram os quadros técnicos especializados, forjados durante anos no calor da superação dos obstáculos e muitas vezes vitoriosos na implantação e consolidação de um turismo sustentável, perdem seus postos de gestores para os novatos parlamentares, mais preocupados com a visibilidade que seus novos cargos proporcionam do que com o fortalecimento do turismo.

Não trata este artigo de jogar pedras sobre o telhado de vidro da gestão pública, mas de defender escolhas técnicas cujo compromisso profissional não se limita às orientações partidárias e ideológicas, mas sim o comprometimento de promover a união entre os diversos segmentos da indústria do turismo para que todos possam de beneficiar de seus resultados.

É neste contexto que a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo – seção Pernambuco, mesmo sem a outorga das irmãs afiliadas, levanta a bandeira pela independência de um turismo sem partido, livre de qualquer ideologia ou corrente partidária e unicamente focada no crescimento deste importante setor da economia.

A batalha travada diariamente por empresários, técnicos e colaboradores do segmento turístico é árdua e sem trégua e, ao mesmo tempo, perseverante na esperança de que os governantes um dia, entendam e atendam as necessidades do setor, nomeando pessoas mais qualificadas e principalmente comprometidas com a consolidação das muitas atividades que integram o turismo.

Sem brigas, mágoas e dispostos a superar os traumas, a sociedade  espera ver cada um em seu quadrado; políticos fazendo política, legislando em prol do povo, e técnicos de turismo e afins, fazendo o que foram treinados para fazer, consolidando, aperfeiçoando e promovendo o turismo deste país continente chamado Brasil.

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