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Editorial Temperatura em elevação

Publicado em: 28/11/2019 03:00 Atualizado em: 05/12/2019 14:26

Alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) relativo ao aquecimento global deixa a comunidade científica sobressaltada e preocupada, ainda mais, com o futuro do planeta. A concentração de gases de efeito estufa, que provoca a elevação da temperatura em todo o mundo, bateu recorde no ano passado, de acordo com dados coletados por monitoramento da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência do organismo internacional voltada para questões do meio ambiente. Mais: a conclusão de especialistas é de que não há qualquer indício de diminuição do lançamento de poluentes na atmosfera, o que, fatalmente, fará os termômetros marcarem níveis cada vez mais altos.

A ironia é que o alarme acontece dias antes do início da reunião anual da ONU sobre mudanças climáticas, a COP-25, cuja abertura se dará em 2 de dezembro, em Madri, na Espanha. O estudo mostra que não há qualquer indício de que acontecerá uma desaceleração e muito menos uma redução de concentração dos gases de efeito estufa, apesar de todos os compromissos assumidos por 195 países no Acordo Climático de Paris, inclusive o Brasil, observa Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.

Com a divulgação do levantamento da ONU, a comunidade científica internacional faz um apelo aos signatários do Acordo de Paris — tratado que rege a emissão de gases de efeito estufa em nível global — para que cumpram os compromissos acordados na capital francesa, sobretudo os países do G-20, as maiores economias do mundo. O presidente Jair Bolsonaro ensaiou deixar o acordo climático, mas voltou atrás diante da possibilidade de o agronegócio brasileiro perder parceiros comerciais preocupados com a sustentabilidade dos produtos que importam.

Hoje, os quatro maiores emissores de gases poluentes são a China, Estados Unidos, União Europeia (UE) e Índia, com 56% das emissões mundiais. A grande preocupação dos ambientalistas é que os EUA vão deixar, no ano que vem, o Acordo de Paris, o que irá refletir, negativamente, no controle da temperatura do planeta. A UE, responsável por 9% desse total, deve cumprir ou até superar o seu objetivo acordado em Paris. O Brasil, por sua vez, teve um ligeiro aumento de 0,3%, em consequência do desmatamento relacionado ao agronegócio.

O principal causador da elevação dos termômetros, o dióxido de carbono (CO2), bateu recorde de concentração em 2018, num nível 147% maior do que no período pré-industrial. O problema é que o CO2 permanece por séculos na atmosfera e nos oceanos e sua concentração foi superior à taxa de crescimento dos últimos 10 anos. Outros elementos que contribuem para o fenômeno são o metano e o óxido nitroso, que também permanecem na natureza por longo tempo.

O certo é que se os líderes mundiais e suas respectivas sociedades não fizerem nada para conter a poluição produzida pelos gases de efeito estufa, no fim do século, a Terra estará entre 3 a 5 graus centígrados mais quente, com consequências imprevisíveis. Isso porque os cientistas preveem aumento significativo dos desastres climáticos se a temperatura se elevar 1,5 grau centígrado até a virada do século, o que serve como sinal de alarme para todos.

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