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Tecnologia Robótica a favor do advogado

Alexandre Alecrim
Advogado

Publicado em: 30/11/2019 09:00 Atualizado em:

Nos dias de hoje, muito se discute acerca dos impactos da implantação da tecnologia robótica no cotidiano dos advogados, fazendo com que esses profissionais mudem o seu sistema de atuação, principalmente no tocante ao contencioso de massa e casos repetitivos, buscando alta produtividade com baixo custo a fim de atender o mercado.

Não é novidade o estudo e a criação de mecanismos voltados para resolução de demandas repetitivas, tanto para dar celeridade ao julgamento, quanto, mais atual, possibilitarem o aumento da produtividade de escritórios que atuam no contencioso de massa. Contudo, apesar de ser uma realidade positiva, é preciso ter cautela para não se trocar a qualidade por quantidade, pois, no direito, essa troca pode custar caro para o jurisdicionado.

Há um ramo no direito onde, ao menos por enquanto, é improvável que a tecnologia substitua a atuação do advogado, trata-se da advocacia preventiva e consultiva, que nas últimas décadas vem ganhando espaço junto às empresas, tornando cada vez mais indispensável que o advogado esteja presente não apenas na resolução de litígios, mas principalmente em sua prevenção.

O advogado que atua no ramo consultivo e preventivo deve possuir habilidades que um robô é incapaz de executar ou desenvolver, quais sejam: criatividade, pensamento crítico e ético, intuição, astúcia, sabedoria coordenada do direito, propósito e, a maior delas, a empatia, que é qualidade de um bom jurista, pois deve ter prazer em atender seu público e ter a capacidade de se colocar no lugar do seu constituinte, transformando essas características no que o impulsiona para o desempenho das demais atividades e na busca de sucesso no resultado da prestação do seu serviço, não preocupado apenas em resolver conflitos, mas sim em precavê-los.

Assim, como tudo na vida, a tecnologia robótica deve ser utilizada com inteligência e sabedoria, como meio para possibilitar que o operador do direito evolua em atividades que qualificam o seu tempo e aumentem a eficiência na prestação do seu serviço, atento a complexidade da vida humana e aos fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, incapazes de serem percebidos.

A tecnologia deve ser meio capaz de possibilitar que o advogado consiga otimizar o seu tempo, prestando um atendimento cada vez mais pessoal, qualificado e eficiente aos seus clientes e se dedique à criação de teses jurídicas e, principalmente, prevenção de conflitos, possibilitando que a tecnologia trabalhe para o advogado e não o inverso.

Destarte, acredito que a advocacia moderna tem muito mais satisfação no assessoramento e na consultoria de negócios jurídicos, que são concluídos de forma eficiente para as partes contratantes, do que patrocinar um possível conflito. Entendo, equivocado quem considera mais importante a judiciailização, o litigio e o confronto, quando é indiscutivelmente mais satisfatório evita-los, talvez essa seja a oportunidade de utilização da tecnologia para que o advogado melhor atue nessa área. 

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