O emblemático mês de novembro
Marly Mota
Membro da Academia Pernambucana de Letras
opiniao.pe@diariodepernambuco.com.br
Publicado em: 28/11/2019 03:00 Atualizado em: 05/12/2019 14:22
Com dificuldade, subo os íngremes degraus deste mês de novembro. Difícil falar de sentimentos vividos nestes três últimos meses, de agosto aos dias atuais, com sofrimento a nos tocar de perto. O espasmo que acometeu o cérebro do meu filho Maurício, tirando a faculdade da fala, ficaram súplices, indagadores a nos fitar. Os irmãos Eduardo, Sérgio e Teresa incansáveis ao lado dele, dias e noites, em quarto do Hospital Português. Sua irmã Luciana deixa os filhos e netos no Rio de Janeiro, mas não mais encontra o irmão vivo. Neste 13 de novembro, como cristão fervoroso, por inimaginável caminho, chega ao Divino Pai Eterno. Desde então, o benemérito padre Airton Freire, da Fundação Terra, em Arcoverde, irmão fraternal dos meus filhos, vem celebrando diariamente missas por Maurício Mota e Mauro Mota, também falecido neste mês, dia 22, do ano de 1984, há 35 anos.
Dia seguinte, às 7 horas da manhã, acompanhamos o féretro ao Cemitério Morada da Paz, onde nos esperava o diácono Auri, pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima. Em oração, fez emocionante despedida na encomendação e cremação do corpo do nosso inesquecível Maurício. Como pintor e poeta que não precisou da geografia nem da geometria para mapear os seus caminhos. Com a juventude do corpo e do espírito, guardou os bons momentos vividos com a família em nossa casa, na Rua Bento de Loyola, com frequência de inúmeros amigos, jornalistas, escritores, pintores, poetas, entre eles Alberto Cunha Melo, Jacy Bezerra, Marcelo Peixoto, Marcos Accyoli, Paulo Gustavo, José Mário Rodrigues, Montez Magno, Marcos Prado, Plinio Palhano, Gladstone Vieira Belo, Dagoberto Carvalho, Ângelo Monteiro. César Leal foi o patrono dos poetas da “Geração 65.” Incluiu Maurício Mota entre os participantes. Tempos depois, o nome não constava da lista. Vamos integrar Maurício Mota na lista dos poetas da “Geração 65.”
Morando no Rio de Janeiro, Maurício trabalhou ao lado do presidente da Funarte, escritor José Candido de Carvalho, cidadão de Campos dos Goitacases, autor do livro O Coronel e o Lobisomem. José Candido e Mauro Mota foram amigos, ambos pertenceram à Academia Brasileira de Letras. Maurício por um longo período morou em São Paulo, trabalhou no Palácio Bandeirantes, como auxiliar do secretário do Governo, escritor Fernando Góis. Época que coincidiu com a exposição de pintura dos meus quadros na Galeria 167, Alameda 167. Mesma época, com meu irmão, arquiteto Manoel Morville Barbosa de Arruda, presidente das Coabs do Brasil, teatrólogo, trabalhou com o grande Pascoal Carlos Magno, amigo também de outro grande teatrólogo, Reinaldo de Oliveira, filho dos dois maiores intérpretes do Teatro Pernambucano: Waldemar e Dinah de Oliveira, sem esquecer Maria Eugênia Rosa Borges, conhecida grande atriz, minha amiga Geninha, prima de Reinaldo Oliveira, nome de importância no Teatro Nacional, meu companheiro na Academia Pernambucana de Letras.
No Palácio do Governo de Pernambuco, Maurício jovem foi oficial de gabinete do governador Eraldo Gueiros. Aqui no Recife, escreveu os seus livros: Viagem e Tudo em Família, em 2003. Muitos da sua geração começaram publicando seus livros pela Pirata. Curral da Fala, organizado por Sonia Lessa e Everardo Norões; Editora Ensol, com opiniões de Joaquim Cardoso, Gilberto Freyre, Haroldo Bruno. O respeitado crítico literário do Rio de Janeiro Walmir Ayala escreveu sobre Maurício: “Sua poesia une a carne e a alma, numa espécie de comunhão in extremis. A palavra a serviço do canto maduro, a raiz grega embebida de coloquialidade e trivialidade. Que bom saber que a poesia está passando para mãos certas, neste pernambucano. A tiragem de Curral da Fala, 500 exemplares. Não quis lançar o livro. Não insistimos.
Fiquei emocionada pelo que Mauricio guardou de lembranças da sua ainda curta vida. Muitas fotos das namoradas, de Monica Rego Monteiro, Teresa Maria Magalhães, retratos, cartas, livros com dedicatórias. Ao entardecer, rezávamos juntos o terço à Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Gostava de música: ouvia Ernesto Cortazar, em Around the world. Mauricio morava comigo aliviando a minha solidão. Todas as noites esperava o bater suave à porta do meu quarto para o seu costumeiro beijo de boan noite. Mãe não nasceu para enterrar os filhos.
Dia seguinte, às 7 horas da manhã, acompanhamos o féretro ao Cemitério Morada da Paz, onde nos esperava o diácono Auri, pároco da Igreja Nossa Senhora de Fátima. Em oração, fez emocionante despedida na encomendação e cremação do corpo do nosso inesquecível Maurício. Como pintor e poeta que não precisou da geografia nem da geometria para mapear os seus caminhos. Com a juventude do corpo e do espírito, guardou os bons momentos vividos com a família em nossa casa, na Rua Bento de Loyola, com frequência de inúmeros amigos, jornalistas, escritores, pintores, poetas, entre eles Alberto Cunha Melo, Jacy Bezerra, Marcelo Peixoto, Marcos Accyoli, Paulo Gustavo, José Mário Rodrigues, Montez Magno, Marcos Prado, Plinio Palhano, Gladstone Vieira Belo, Dagoberto Carvalho, Ângelo Monteiro. César Leal foi o patrono dos poetas da “Geração 65.” Incluiu Maurício Mota entre os participantes. Tempos depois, o nome não constava da lista. Vamos integrar Maurício Mota na lista dos poetas da “Geração 65.”
Morando no Rio de Janeiro, Maurício trabalhou ao lado do presidente da Funarte, escritor José Candido de Carvalho, cidadão de Campos dos Goitacases, autor do livro O Coronel e o Lobisomem. José Candido e Mauro Mota foram amigos, ambos pertenceram à Academia Brasileira de Letras. Maurício por um longo período morou em São Paulo, trabalhou no Palácio Bandeirantes, como auxiliar do secretário do Governo, escritor Fernando Góis. Época que coincidiu com a exposição de pintura dos meus quadros na Galeria 167, Alameda 167. Mesma época, com meu irmão, arquiteto Manoel Morville Barbosa de Arruda, presidente das Coabs do Brasil, teatrólogo, trabalhou com o grande Pascoal Carlos Magno, amigo também de outro grande teatrólogo, Reinaldo de Oliveira, filho dos dois maiores intérpretes do Teatro Pernambucano: Waldemar e Dinah de Oliveira, sem esquecer Maria Eugênia Rosa Borges, conhecida grande atriz, minha amiga Geninha, prima de Reinaldo Oliveira, nome de importância no Teatro Nacional, meu companheiro na Academia Pernambucana de Letras.
No Palácio do Governo de Pernambuco, Maurício jovem foi oficial de gabinete do governador Eraldo Gueiros. Aqui no Recife, escreveu os seus livros: Viagem e Tudo em Família, em 2003. Muitos da sua geração começaram publicando seus livros pela Pirata. Curral da Fala, organizado por Sonia Lessa e Everardo Norões; Editora Ensol, com opiniões de Joaquim Cardoso, Gilberto Freyre, Haroldo Bruno. O respeitado crítico literário do Rio de Janeiro Walmir Ayala escreveu sobre Maurício: “Sua poesia une a carne e a alma, numa espécie de comunhão in extremis. A palavra a serviço do canto maduro, a raiz grega embebida de coloquialidade e trivialidade. Que bom saber que a poesia está passando para mãos certas, neste pernambucano. A tiragem de Curral da Fala, 500 exemplares. Não quis lançar o livro. Não insistimos.
Fiquei emocionada pelo que Mauricio guardou de lembranças da sua ainda curta vida. Muitas fotos das namoradas, de Monica Rego Monteiro, Teresa Maria Magalhães, retratos, cartas, livros com dedicatórias. Ao entardecer, rezávamos juntos o terço à Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Gostava de música: ouvia Ernesto Cortazar, em Around the world. Mauricio morava comigo aliviando a minha solidão. Todas as noites esperava o bater suave à porta do meu quarto para o seu costumeiro beijo de boan noite. Mãe não nasceu para enterrar os filhos.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS