Diario de Pernambuco
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Um mar de solidariedade

Pedro Eurico
Secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco

Publicado em: 25/10/2019 03:00 Atualizado em: 25/10/2019 09:14

Muita gente não imaginaria viver para ver o terror que está acometendo as praias nordestinas. A invasão de manchas de óleo por toda a nossa costa já atinge mais de 200 praias e a única certeza que temos até agora é a de que o desastre já é gigantesco e pode piorar ainda mais. A condução da situação pelo governo federal se assemelha à política de defesa do meio ambiente adotada pela União: desastrosa e decadente. Tratam o caso como se cegos e surdos fossem. Não se manifestam. Fazem cara de paisagem. Diferente do governador Paulo Câmara, que desde o primeiro momento atuou com toda firmeza e responsabilidade inerente a um gestor que verdadeiramente se preocupa com o seu povo.

Entretanto, mesmo em meio ao caos que certamente ainda nos trará incontáveis prejuízos a longo prazo, pernambucanos e nordestinos - historicamente orgulhosos por suas lutas e resistência - dão mais uma aula ao Brasil de resiliência e, por que não, de teimosia ao conseguirem explorar o lado bom da vida em qualquer cenário que lhe for imposto. Respiramos fundo, ganhamos fôlego e mobilizamos centenas de pessoas na luta pela sobrevivência marinha.

Quantas cenas comoventes acompanhamos nos últimos dias? Turistas, adolescentes, reeducandos, ambulantes, empresários, sociedade civil, gente de toda cor, classe e credo, todos submersos em um único propósito: salvar a natureza. A atuação dos presos é um exemplo de que a ressocialização é possível também a partir da sensibilização das pessoas em prol de um bem comum. Esse dano ambiental não atinge especificamente uma camada social ou econômica, mas fere toda a sociedade. E todos, sem exceção, precisamos cair em campo para tentar minimizar de alguma forma essa situação que seguramente ainda será muito danosa para todos nós.

É inevitável não se emocionar ao ver o mar de reciprocidade que se formou diante desse cenário, transformando toda a nossa angustia em esperança. Mais uma vez, o povo mostra às autoridades como atuar: com unidade e solidariedade. E são nesses momentos que reacendemos em nós a certeza de que o Brasil ainda tem rumo, que o povo ainda é a força maior de qualquer nação e que toda atribulação é transitória.

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