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Editorial Insegurança na praça

Publicado em: 17/10/2019 03:00 Atualizado em: 17/10/2019 08:47

No último fim de semana, em Brasília, dois motoristas de transporte por aplicativos foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte). Só neste ano, no Distrito Federal, foram registrados 71 casos de roubo com restrição à liberdade — 57 a mais do que em 2018, ou um caso a cada dois dias e meio. Esse aumento assusta os profissionais e expõe uma das muitas fragilidades desse sistema de transporte.

As maiores operadoras no Brasil — Uber, 99, Cabify — afirmam que dispõem de mecanismos para proteger os condutores, a começar pelo acompanhamento da rota que fazem. Se houver uma mudança no roteiro da viagem, a empresa aciona a polícia. Mas esse cuidado tem se revelado insuficiente para preservar a integridade dos profissionais.

Em Belo Horizonte, os bandidos deixaram de lado os taxistas convencionais e passaram a mirar os que usam aplicativos. No Rio Grande do Sul, entre 2016 e 2018, foram 2,2 mil assaltos, a maioria deles na capital (59,12%). Em todo o país, ocorreram mais de 18 assassinatos de motoristas de aplicativos.

A insegurança a que estão expostos os profissionais repercute mal também no exterior. Nos Estados Unidos, esses assassinatos tiveram destaque no The New York Times. Além de realçar a insegurança no Brasil, o periódico norte-americano foi incisivo ao cobrar uma providência mais eficiente das operadoras do sistema de transporte por aplicativo.

O aumento dos ataques aos motoristas de aplicativos exige, também das autoridades brasileiras, uma pressão maior sobre as administradoras do serviço. Há tecnologia disponível para ações preventivas mais eficazes. As empresas têm que investir parte do lucro que ganham na proteção dos trabalhadores..

A violência se estende por todo o país. O Brasil é visto como um dos mais violentos do planeta. Uma posição que compromete a imagem brasileira no cenário internacional e deixa a maioria dos brasileiros apavorados.

Os números de homicídios, latrocínios e outras barbáries, coletados por órgãos do governo, como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos autores do Mapa da Violência, mostram que falta uma política de segurança pública que dê tranquilidade a todos os cidadãos. O aumento do número de vítimas, pelos mais diferentes crimes e pela ação de bandos organizados, precisa ser contido. Essa é uma responsabilidade do Estado. A sociedade espera uma resposta  à altura contra a violência que ameaça esses trabalhadores e todos nós.

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