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É preciso fazer mais pela osteoporose

Érico Higino de Carvalho
Médico endocrinologista, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM PE)

Publicado em: 19/10/2019 03:00 Atualizado em: 19/10/2019 16:30

Apesar da ampla divulgação sobre Outubro Rosa e o câncer de mama, outras doenças muito comuns devem ser lembradas neste mês, como a obesidade e a osteoporose. O dia 20 de outubro foi escolhido mundialmente como Dia do Combate à Osteoporose, que é a doença óssea mais comum, com elevada prevalência e extrema morbimortalidade, com taxa de mortalidade chegando a 20% no primeiro ano após uma fratura de fêmur. A doença é caraterizada pela mudança na microarquitetura óssea, com aumento da porosidade do osso e consequente aumento da fragilidade, levando a fraturas com pequenos traumas.

A IOF (International Osteoporosis Foundation), uma das mais conceituadas entidades que estudam o tema, estima que uma a cada 3 mulheres e um a cada 5 homens vai ter alguma fratura osteoporótica ao longo da vida, especialmente na faixa etária mais idosa. Conforme sabemos, a mudança demográfica que o Brasil vem passando, levará em poucos anos a uma inversão da pirâmide etária, e logo mais o país terá uma imensa população de idosos, com incremento na prevalência da doença e da sua principal repercussão que é a fratura. Em 2050 estima-se que teremos mais de 20% da população acima de 60 anos. Além da idade, as mulheres após menopausa, usuários de corticóides, tabagistas, sedentários, magros e idosos frágeis (com dificuldade de mobilidade) e aqueles com baixa ingesta de alimentos ricos em cálcio e vitamina D são as pessoas de maior risco para desenvolver a doença.

A identificação da osteoporose ainda é um problema, que é feita essencialmente com a densitometria mineral óssea. Não dispomos de equipamentos suficientes na rede de saúde pública para atingir toda a população de maior risco. Atualmente existem 1.7 densitômetros/milhão de habitantes na rede SUS, quando o recomendado seria de 7.1 aparelhos, aproximadamente 4 x mais.

O gasto nos cuidados de saúde e perda de autonomia com uma fratura excede e muito os cuidados na sua prevenção. Dispomos de tratamentos de elevada eficácia (em torno de 50% de redução de fraturas), com poucos efeitos colaterais, muitos deles disponíveis no sistema de saúde público, entretanto muito subutilizados. A maioria das pessoas com fratura não recebem o diagnóstico de osteoporose e muito menos um tratamento para prevenir uma nova fratura.

Contudo, esse contexto pode ser modificado com o engajamento das diversas especialidades médicas envolvidas com o tema e apoio da sociedade, levando à identificação dos pacientes de maior risco e oferecendo tratamento adequado além de educação sobre a prevenção e controle dos fatores de risco.

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