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A alta de Burnout

Gustavo Figueirêdo
Especialista em saúde mental e psicólogo clínico

Publicado em: 01/10/2019 03:00 Atualizado em: 01/10/2019 09:46

Ultimamente estamos vendo pelos noticiários muitos casos de sarampo, dengue e outras enfermidades que vêm sendo motivo para internação. Mas o que não vem sendo noticiado, e até compreendo para não ser estimulado, são os constantes casos de suicídios mediante a classe da saúde. Particularmente aos médicos. Ainda em menção ao Setembro Amarelo – Campanha de Conscientização à Prevenção ao Suicídio – esse é um dos índices a que vem acender preocupações. O que está acontecendo que vem sendo uma constância, relatos de sofrimento, a quem assiste os assistidos?

Não obstante, uma das enfermidades que vêm, também, dando “entrada” nas emergências e transitando: nos corredores, nas enfermarias... dos grandes centros hospitalares é a Síndrome de Burnout. Popularmente conhecida como a doença do trabalhador. Mas, numa estadia diferenciada aos demais pacientes. Por quê? Porque essa, internando-se nas camadas físicas e psíquicas dos profissionais da saúde.

A Burnout é uma síndrome que leva a um esgotamento físico e mental. Em relação aos laborais da saúde, entende-se que sejam causas multifatoriais. No entanto, destacando-se duas delas: a pessoal e a institucional. A primeira, observada pela carga horária escravocrata. Não bastasse, é comum o acúmulo de plantões vivenciado por esses trabalhadores. Entretanto, ficando dias sem retornar ao seu lar. Em prol da busca a uma qualidade de vida, muitas vezes, não para si; e sim, para os seus.

A segunda atrelada à crise financeira, onde esta além de aumentar a demanda de usuários ao serviço público, por conta do desemprego; a dificuldade de condições adequada de trabalho. Recordo certa vez, quando veiculado pela imprensa, uma equipe de profissionais legistas suturando corpos com hastes de guarda chuva. Simplesmente por falta de instrumental adequado.

Segundo Francisco AlonsoFernández relata no seu livro  Por que trabalhamos?: o trabalho entre o estresse e a felicidade - “O estressor específico que impregna a ocupação da saúde com um caráter crônico afiado consiste na sobtensão de responsabilidade suscitada pelo cuidado da saúde ou pela preservação da vida do enfermo”. A isto, razões pelas quais a equipe vem adoecendo.

Por fim, caro leitor, eis a questão! Principalmente aos profissionais da saúde pública, o que fazer para que a Síndrome de Burnout não faça mais morada do seu interior? Será que não estejas precisando ir à busca do teu ser ao ter? Enfim, só conseguiremos assistir ao próximo caso estejamos bem assistidos. E neste caso a assistência que me refiro é, particularmente, a emocional.

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