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Editorial Sarampo assusta

Publicado em: 09/08/2019 03:00 Atualizado em: 09/08/2019 09:21

O aumento dos casos de sarampo no Brasil acendeu a luz vermelha no governo federal e o Ministério da Saúde já cogita decretar emergência em saúde pública e iniciou o processo de compra de vacina contra a doença no exterior, já que o estoque do imunizante encontra-se baixo. Ao colocar em operação o Comitê Operativo de Emergência em Saúde, as autoridades tomam a decisão acertada para impedir a proliferação do vírus da enfermidade em todas as regiões do país, o que certamente acarretaria danos irreparáveis à população, obrigada a conviver com epidemias de dengue e febre amarela nos últimos tempos.

Diante do quadro atual, esforços não podem ser medidos para a manutenção de ações de bloqueio e de imunização de grupos prioritários. O início do funcionamento do comitê é o primeiro passo para o combate sistemático à doença. Ele é composto por membros de vigilância, vacinação, atendimento hospitalar, atenção básica e assistência farmacêutica. O grupo é responsável pelo acompanhamento diário da evolução da epidemia e, em caso de ocorrências acima do previsto, propor novas estratégias para o enfrentamento da enfermidade.

Com a expectativa de que se replique em outros pontos do país a explosão de casos ocorridos em São Paulo, o Ministério da Saúde age corretamente em se antecipar e tomar as medidas cabíveis, entre elas a aquisição de vacinas no mercado internacional. Já são considerados como surto registros em 37 municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Bahia. Também foram registradas ocorrências em Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná. Como a doença é altamente contagiosa, o período de férias escolares do meio do ano, quando muitos aproveitam para viajar, contribuiu para a propagação do vírus do sarampo.

O grave é que o Brasil perdeu o certificado de país livre de circulação do vírus que causa a enfermidade emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Isso se deu com a confirmação de um caso endêmico — transmitido na mesma região — no Pará, em fevereiro deste ano. O critério estabelecido para a retirada do certificado é a incidência de casos confirmados do mesmo vírus durante 12 meses. O primeiro aconteceu logo após a chegada de imigrantes venezuelanos em Roraima, no Norte, fugindo da ditadura bolivariana de Nicolás Maduro.

O sarampo pode provocar lesões graves e levar o paciente à morte, principalmente em crianças menores de 5 anos ou adultos com mais de 30 anos com má nutrição, com deficiência de vitamina A ou cujo sistema imunológico esteja debilitado por outras doenças. As complicações mais sérias da enfermidade são cegueira, encefalite, infecções respiratórias, como pneumonia, e diarreia grave. E os profissionais de saúde têm de redobrar a atenção porque os sintomas do sarampo são muitos parecidos com os da dengue, que há anos assola o país.

Que todas as medidas necessárias sejam tomadas para frear a movimentação do vírus do sarampo em território nacional. Seja por meio de campanhas educativas, vacinação em massa e de grupos mais vulneráveis, seja com o acionamento dos demais dispositivos que as autoridades de saúde têm em mãos. O Brasil não pode retroceder em setor que se destacou muito nas últimas décadas: a imunização em massa de sua população.

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