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Que seja... colégio de freiras chegou

Jornalista e membro da Academia Pernambucana de Letras
Raimundo Carrero

Publicado em: 05/08/2019 03:00 Atualizado em: 05/08/2019 10:19

Foram nove meses de escrita, debates, análises com meus alunos da Oficina de Criação Literária...não precisa fazer comparações...eu sei, eu sei...durante o dia escrevia em casa e levava o resultado à noite, pedindo a interferência de todos....sugestões, técnicas....me ajudaram muito...me ajudaram demais...testemunharam e aprenderam a escrever uma novela...mais do que ouvindo, fazendo, fazendo...escrevendo, escrevendo...

Num dia de setembro de 2018 prometi um intensivo sobre a arte de escrever novelas...Assim, na noite do dia 11 de setembro. Tudo porque li à tarde uma matéria em que se anunciava a autobiografia da bela estonteante e realizada Giselle Bundchen, a brasileira mais amada e invejada do mundo, destacando o episódio em que ela desejou o suicídio.

Fiquei muito impressionado e levei o recorte à aula para mostrar que as histórias, ou as melhores histórias estão muitas vezes nas páginas de jornal. Ao mesmo tempo lembrei-me de episódio que me revelara aluna em aula particular...Dissera que teve uma amiga na adolescência que passara vinte anos numa colônia penal porque perdeu a virgindade e foi rejeitada pelos pais, chamada de vergonha da família. Na verdade, foi levada à colônia como quem vai para um convento. Seria, talvez, uma freira, e não lhe explicaram mais nada. Impressionara-me o fato de uma moça ficar presa vários anos porque não era mais virgem...Num cateterismo a enfermeira disse-me que a mãe passara por sacrifício igual. Então aquilo acontecia seriamente. Não podia mais esperar. Escreva agora, decidi...Você nasceu para escrever esta história...

É claro que as histórias não se relacionavam mas percebi que ali nascia uma novela. Reuni o recorte e a história no meu álbum de anotações. Comecei a definir os personagens, os nomes, os caracteres. À tarde escrevia o texto, à noite selecionava os episódios e discutia com os alunos. Passo a passo do intensivo. O nome da protagonista foi complicado, não queria dar nome a pessoas que passaram, possivelmente, pelo mesmo drama. Lembrei-me das antigas namoradas e vieram os nomes. E o nome da personagem: Vânia. A novela está chegando às livrarias...

Resolvi que não seria um texto longo...talvez 80 páginas assim como Silvia, de Gerard Nerval... Era e é o modelo, o meu modelo...chegou a 115 e era muito mais do eu planejara. Meses depois a novela estava pronta. Vânia se transformou numa líder feminista e religiosa...

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