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Editorial Negociar é preciso

Publicado em: 05/08/2019 03:00 Atualizado em: 05/08/2019 10:19

A América Latina volta sua atenção para a pequena ilha caribenha de Barbados, com a retomada das negociações entre representantes do governo do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, e do líder opositor e autoproclamado presidente Juan Guaidó. A população da Venezuela já sofreu muito e é hora de se encontrar uma solução para o impasse entre os herdeiros do falecido Hugo Chávez, criador do anacrônico bolivarianismo, e a oposição. Será somente através do diálogo que se chegará a bom termo no impasse entre os dois lados e o povo venezuelano poderá voltar a sonhar com um país próspero e democrático, onde, hoje, a perseguição política e a tortura fazem parte do dia a dia.

As conversas entre os delegados de Maduro e Gauidó, patrocinadas pela Noruega, têm de avançar para que o país vizinho saia da prolongada crise. Reconhecido por quase 60 países como presidente interino, o líder oposicionista busca nas negociações uma saída honrosa para o ditador e a convocação de novas eleições, já que considera fraudulento o escrutínio que deu a Maduro seu segundo mandato. O ditador de matiz socialista descarta deixar o cargo e se agarra no ultrapassado discurso de que os Estados Unidos têm planos de se apossar das milionárias reservas de petróleo da Venezuela.

Fato é que manifestações de expoentes da esquerda latino-americana, a exemplo do ex-presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, contrárias ao regime autoritário de Maduro, contribuíram para a volta do diálogo. O uruguaio classificou, com todas as letras, o regime venezuelano de ditadura, após encontro com militantes do Movimento de Participação Popular (MPP), que integra a Frente Ampla, coalizão de esquerda no comando do país há três mandatos. Outra crítica contra Maduro partiu do candidato a presidente pela Frente Ampla, Daniel Martínez, líder na corrida eleitoral. Entende que a questão dos direitos humanos deve ser, sempre, um imperativo ético. Destaca, ainda, que o recente relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos deixa claro que existe uma ditadura na Venezuela.

O documento da ONU é assinado pela ex-presidente socialista do Chile, Michelle Bachelet, outro expoente da esquerda latino-americana. O relatório é duro contra a ditadura bolivariana. No quadro pintado pelo organismo internacional, a crise humanitária no país vizinho já provocou o êxodo de cerca de 4 milhões de venezuelanos. O relatório aponta 6.856 mortes suspeitas de opositores. Foram localizados mais de 15 mil presos políticos, de janeiro de 2014 a maio de 2019, e a maioria foi torturada com choque elétrico, afogamento simulado e exposição a temperaturas extremas, entre outras práticas macabras.

A maior vítima do regime ditatorial da Venezuela é a população. Somente na capital Caracas, 80% da moradores não contam com fornecimento de água e luz e o sistema de transporte público é um verdadeiro caos. A média salarial é de apenas US$ 7 (R$ 28). Diante desse caótico panorama, espera-se que as negociações avancem na paradisíaca Barbados para que o povo venezuelano volte a viver numa nação rica e democrática.

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