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Uma reflexão sobre a longevidade

João Paulo S. de Siqueira
Advogado, professor e membro da Academia Brasileira de Direito Civil

Publicado em: 09/07/2019 03:00 Atualizado em: 09/07/2019 10:23

A expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando a cada ano. Certamente o próximo censo divulgará um número ainda maior. É a comprovação que estamos vivendo mais, é um dado inconteste, mas penso que devemos ir além de frios números e nos debruçarmos sobre outras questões.

Evidente que o consistente aumento da expectativa de vida é um dado a ser comemorado, pois é um dos critérios utilizados para definir o índice de desenvolvimento humano de um país, e só é alcançado por uma melhoria de outros tantos indicadores como saneamento básico, alimentação, acesso à saúde, dentre outros.

Mas saindo dos meros dados numéricos e dando concretude a todos esses parâmetros, é preciso nos questionarmos a real qualidade de vida dos nossos idosos, pois mais importante que o “quanto se vive” é o “como se vive”, e é perceptível que os idosos brasileiros precisam ser mais cuidados e protegidos.

Para muitos, para a grande maioria, a chamada “terceira idade” é uma fase da vida que apresenta inúmeras dificuldades, sobretudo em um país como o nosso que, lamentavelmente, não está preparado para abraçar e acolher nossos idosos.

Na terceira idade, quando a saúde precisa de mais cuidados, os idosos padecem com os preços de medicamentos, cada dia mais caros. A parcela que tem acesso aos planos de saúde está sempre sobressaltada com os abusivos e arbitrários aumentos que inviabilizam a continuidade nos convênios.

O resultado desse déficit orçamentário é a necessidade de muitos voltarem ao trabalho, que quase sempre é informal e precário, pois nosso mercado de trabalho já está saturado até para os jovens.

A mobilidade que está atenuada em razão da idade, torna-se ainda mais difícil e complexa por nossas ruas e calçadas precárias ou inexistentes. As aposentadorias, frutos de toda uma vida de trabalho e esforço são defasadas e injustas para a esmagadora maioria.

Outra triste realidade é o comportamento de inúmeras famílias em relação aos seus idosos: o abandono e falta de comprometimento. O carinho e respeito devem pautar as famílias, sobretudo em uma fase da vida que naturalmente requer mais cuidados.

O Estatuto do Idoso é um dispositivo legal que elenca uma série de proteções e garantias, mas é preciso que ele seja efetivamente posto em prática e traga reais e efetivos benefícios. Mas fundamental, como sociedade, é irmos além, pois cuidar dos nossos idosos é mais que uma mera obrigação, é uma missão que devemos abraçar com respeito e amor.

É primordial que nós, jovens, alcancemos e abracemos nosso papel de participarmos desta dádiva que é a longevidade.

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