Diario de Pernambuco
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Por que tanto veneno nas nossas lavouras?

Isaltino Nascimento
Deputado estadual do PSB/PE

Publicado em: 27/07/2019 03:00 Atualizado em: 28/07/2019 08:26

Acordamos essa semana com a notícia de que o Brasil agora tem disponível para uso em suas lavouras mais 51 novos tipos de agrotóxicos. Somente este ano passamos para 262 venenos liberados, que vêm direto para a boca dos nossos filhos.

O ritmo acelerado na aprovação desses pesticidas demonstra a força da bancada ruralista no Congresso Nacional e a subserviência do governo às indústrias do agronegócio. Esse time tem driblado feito Ronaldinho Gaúcho em campo o PL do Veneno em tramitação na Câmara dos Deputados, cujo escopo é facilitar a autorização e o comércio de agrotóxicos no país.

O fato é que as indústrias não precisam nem se abespinhar para que seja aprovado o projeto de lei. Os novos venenos têm os riscos avaliados pela Anvisa; o Ibama analisa a parte ambiental e, por fim, o Ministério da Agricultura checa a eficácia do produto em campo. Assim, a torcida do veneno tem o governo na mão sem precisar aprovar nova legislação.

Para o Governo Federal pouco importa o meio ambiente ou se o câncer ou o Alzheimer vão crescer entre nós. A saúde cobra a conta do uso indiscriminado de inseticidas, mas o que interessa é o “gol de placa” do mercado do agronegócio. O lucro está acima, o governo baixa a cabeça e nós vamos nos empilhando nas emergências das redes privada e pública de saúde. O interesse é baixar o valor do veneno no mercado e vender.

Em Pernambuco não vamos assistir da arquibancada essa partida injusta. Pediremos um VAR, e como juiz de futebol em campo nos dias de hoje, observaremos tudo no detalhe e com a seriedade que o tema requer. Nos debruçaremos sobre a legislação estadual vigente e assim cuidaremos das nossas plantações e lavouras, da economia e da saúde da população.  

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco vamos promover, através do nosso mandato, uma grande audiência pública para analisar coletivamente o nível de envenenamento dos alimentos, do solo e da água e como podemos nos proteger. Discutiremos a agricultura familiar e as necessidades para o incentivo à agroecologia.

Não queremos liderar esse ranking perverso de uso de veneno. Vamos pensar como restringir as regras para a comercialização e o uso dos agrotóxicos em Pernambuco.

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