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20 de julho: Dia Internacional da Amizade

Bartyra Soares
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 20/07/2019 03:00 Atualizado em:

A experiência da amizade, como reflexo dessa vivência entre os seres humanos, está presente em todas as formas de expressão artística e literária.
As esculturas de Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava são vistas na Praça do Encontro, em Belo Horizonte, em atitude de conversa, representando a amizade que os uniu durante anos. Capiba e Hermínio Bello de Carvalho compuseram uma das mais originais canções, “Amigo é Casa”, abordando esta temática: “Amigo é feito casa que se faz aos poucos / e com paciência pra durar pra sempre”. Oscar Wilde também seguiu por este caminho: “Escolho meus amigos, não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante”. 
A escolha da data, 20 de julho, foi determinada a partir da viagem do homem à lua, que significaria, simbolicamente, mais do que uma conquista científica, mas a oportunidade de obter amigos extraterrestres. 
E pela alusão à conquista científica, embora apontando noutra direção, pesquisas com embasamento científico a respeito da importância da amizade já constituem motivos de estudos. Profissionais da área de saúde comprovam o valor de ter amigos como elemento de ajuda psicológica. Nesse terreno pisa Rebecca G. Adams, professora de sociologia na Universidade da Carolina do Norte, ao assegurar: “Em geral, o papel da amizade em nossas vidas não é muito bem avaliado. Isso me surpreende. A amizade tem um enorme impacto em nosso bem-estar psicológico”.
O Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, cujos trabalhos enfocam a vivência do processo da amizade, vai além da afirmação de Rebecca G. Adams, ao afirmar que, segundo vários estudos, um amigo possui um efeito ainda maior sobre a saúde de outro amigo, até mesmo do que o cônjuge ou parente, embora ainda não esteja claro porque ela exerce este efeito tão benéfico.
Sabe-se que ser amigo não se restringe apenas à gentil prestação de serviços entre duas ou mais pessoas embora gratuitamente. Assim, não nos custa indagar: para que serve a amizade? Sejamos nós próprios a responder: para usufruirmos de uma vida mais saudável.
 Muitos seres humanos recorrem a medicamentos ou a livros de autoajuda. Esquecem um meio importante eficaz para combater a solidão, o estresse, a depressão, acelerar a cura das enfermidades, adiar o processo do envelhecimento: cultivar o relacionamento com os amigos.
Uma pesquisa australiana, que durou dez anos, descobriu que pessoas idosas com um grande círculo de amigos tinham 22% menos probabilidade de morrer durante a fase do estudo do que as que tinham menos amigos.  
 Quem tem amigos sabe da veracidade desse fato. As legítimas amizades sobrevivem às distâncias, ao período da faculdade, ao casamento mesmo bem-sucedido, ao divórcio, e outras crises enfrentadas no decorrer do tempo e da vida de cada ser humano. 
A propósito, alguns estudiosos começam a valorizar as amizades iniciadas nas redes sociais, como fator de bem-estar dos indivíduos. Constatou-se que, até via internet, fortes laços afetivos reforçam a saúde do cérebro à medida que trocamos ideias, desabafamos, buscamos o divertimento, dividimos contentamentos e tristezas. Enfim, virtual ou real, a amizade é sempre satisfatória.
Daí ser importante à volta a Oscar Wilde: “Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto”.


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