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Junho, festejando 80 anos de Marcos Vilaça, Dois bairros irmãos e o São João

Marly Mota
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 26/06/2019 03:00 Atualizado em: 26/06/2019 09:11

A Academia Pernambucana de Letras com a presidente Margarida Cantarelli, vice Luzilá Gonçalves, dia 11 de junho, comemorou o aniversário de 80 anos do escritor meu compadre e amigo Marcos Vilaça, com a saudação do acadêmico José Paulo Cavalcanti Filho. A presidente generosamente passou-me o microfone. Encabulada, como habitualmente fui, li o que escrevi em Laços que unem os Mottas e Vilaças.

Final da Segunda Grande Guerra ainda adolescente com as primas da minha idade, gostávamos de cinema, torcíamos embora nossos pais fossem contra, para a censura diminuir o prazo dos filmes impróprios para menores de 18 anos. Ao deixar nossa cidade de Bom Jardim, viemos morar no Recife, bairro da Madalena, Rua Lopes Carvalho 327 com a Rua Real da Torre. Esquina com a venda de seu Tavares, com o aviso: “Aqui não vendemos fiado.” Defronte à nossa casa, um simpático chalé, residência dos Rodrigues, radicados em Nazaré. Com os meus 16 anos, vi o menino Marcos de cinco aninhos, com roupa de marinheiro, filho único, nascido em Nazaré com os pais professor Antonio Vilaça, dando a mão a sua mãe a bela e inteligente Evalda Rodrigues Vilaça. Tempos depois, estando a cidade situada na zona da Mata Norte, passou a ser Nazaré da Mata. Os amigos de Mauro Mota, brincando substituíam o “da Mata,” para o “do Mota.” Cidade da infância do poeta Mauro, pelo que de mais característico o inspirou nos seus poemas de iniciação. Com laços afetivos fomos padrinhos de casamento de Vilaça e Maria do Carmo. Na fase da construção do seu livro Coronel Coronéis, em parceria com o amigo Roberto Cavalcanti de Albuquerque, muitas vezes em nossa casa o coronelismo da guarda municipal foi assunto esmiuçado, em conversas e boutades, com gargalhadas ecoando além das nossas portas. Com o casal Marcos e Maria do Carmo, fomos compadres do bem-querer, padrinhos da minha filha Teresa Alexandrina e Marcantonio Vilaça, ambos nascidos no mês de junho do ano de 1962. Convivência de afetuosas lembranças das nossas vidas. Amizade que permanece e laços que não se desfazem.

Outra concorrida festa sábado dia 9 deste mês com o lançamento do livro na APL, excelente comentário da escritora nossa amiga escritora Luzilá Gonçalves sobre o livro Dois Bairros Irmãos: Patrimônio imaterial dos bairros, de Santo Antônio e São José, do escritor meu amigo Jacques Ribemboim, 300 páginas ricas de informações e ilustrações, nos levam facilmente a percorrer lugares e pessoas de outros tempos. Em fotografias de belas catedrais e igrejas, vejo a Matriz de São José, onde fui batizada. Fiquei sabendo depois: numa das torres o sino em bronze pesa 24 toneladas, levando o som em vários sentidos, ouvido a distância. Vejo a fotografia do Zepelim sobrevoando o Diario de Pernambuco. Aeronave colossal, em voos a longas distâncias. Casualmente nos meus 8 anos no Recife com os meus pais, vejo passar acima das casas e ruas, um enorme balão, ou um jau. Na rua gritavam: Olha o Zepelim! uma visão fantástica. No excelente livro entre as 300 páginas, encontro a “Estação Central do Recife” com o Museu do Trem, criado em 1972 pelo Diretor regional da RRSA, nosso amigo Emerson Jatobá, em minha casa vendo as minhas telas, propondo-me à compra de um dos meus quadros a Chegada do trem em Bom Jardim, para figurar no Museu do Trem. Vejo entre outras coisas: o Restaurante Dom Pedro do gentil amigo, o português Júlio Crucho, acolhia os amigos sem distinção. Mauro Mota tinha mesa “cativa” com o seu retrato na parede. Sentei-me poucas vezes. Ao redor alguns jornalistas participavam das boas conversas, de uma rodada com bom vinho português. Galego o motorista, com o carro junto ao meio fio, nos esperava. Assim se encerrava uma bela tarde.

Ao amigo, confrade José Luiz da Mota Menezes, meus agradecimentos pelo precioso álbum ou livro: Palacetes e Solares dos Arredores do Recife: Passagem da Madalena, Ponte D’uchoa, Poço da Panela e Apipucos.

Os meus agradecimento ao amigo Roberto Chacon, pelo belo livro Pernambucanas Ilustres: Pernambuco, 1879.

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