GUERRA
Blinken diz que negociações de trégua em Gaza continuam
O secretário de Estado dos EUA, assim como os dirigentes dos países mediadores, quer pressionar o Hamas a concordar com a última proposta norte-americana
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 20/08/2024 12:21 | Atualizado em: 20/08/2024 13:49
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, gesticula em Tel Aviv ao partir para o Egito (Foto: KEVIN MOHATT / POOL / AFP ) |
Nesta terça-feira (20), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, se reuniu com o presidente egípcio, Abdel Fattah al Sisi, sobre as negociações do acordo de trégua em Gaza, antes de seguir para o Catar para se encontrar com o líder do país e ainda com um representante do gabinete político do Hamas. A visita de Blinken ao Oriente Médio acontece numa semana em que as conversações foram retomadas, e as reuniões que começaram na semana passada em Doha, nas quais Washington apresentou a proposta para "fechar as lacunas existentes" e conseguir um cessar-fogo, vão continuar.
Al Sisi declarou que expandir o conflito a nível regional trará consigo consequências que são difíceis de imaginar e insistiu na necessidade de Israel e o Hamas alcançarem rapidamente um cessar-fogo. “Chegou o momento de afirmar a voz da razão e fazer a diplomacia prevalecer. O derramamento de sangue do povo deve ser a principal força motriz de todas as partes", indicou, para quem o fim das hostilidades em Gaza deve servir de interlúdio para um reconhecimento internacional mais amplo do Estado palestino. "A solução de dois Estados é a principal garantia de estabilidade na região", argumentou Al Sisi.
Blinken, juntamente com os dirigentes dos dois países mediadores, quer pressionar o Hamas a concordar com a última proposta dos Estados Unidos, depois do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já ter aceitado este acordo de cessar-fogo e libertação de reféns.
No entanto, o Hamas manifestou bastante reserva em relação ao novo compromisso, por incluir somente as exigências de Tel Aviv, além de acusar terem alterações significativas às propostas apresentadas anteriormente pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e que o Hamas considerou válidas, mas Israel as recusou na ocasião.
Hoje, o Hamas classificou a última proposta como "um golpe", que não considera um cessar-fogo total e a retirada completa do exército israelense do enclave.
"O que foi recentemente apresentado ao movimento constitui um golpe contra o que as partes alcançaram no dia 2 de julho, com base na própria declaração de Biden em 31 de maio e na Resolução 2735 do Conselho de Segurança de 11 de junho, e é considerada uma resposta e consentimento dos EUA às novas condições do terrorista Netanyahu", disse o grupo num comunicado, acrescentando uma luz verde americana ao governo sionista extremista para cometer mais crimes contra civis.
Além disso, o Hamas ainda disse que era "enganosa" a declaração de Biden, na noite passada, ao afirmar que o grupo está se afastando da possibilidade de concluir um acordo. “Estas alegações enganosas não refletem a verdadeira posição do movimento, que é a de chegar a um acordo de cessar-fogo", garantiu o Hamas, destacando estar "ansioso" em terminar com a agressão israelense.
Também, segundo uma fonte do Hamas citada pela agência EFE, a última proposta de tréguas não aborda a retirada total de Gaza, nem os dois corredores atualmente ocupados por Israel, o de Netzarim (que divide a Faixa em duas) e o de Filadélfia, que liga a Faixa de Gaza ao Egito. Este último é exatamente um dos pontos que também coloca Israel e o Egito em discordância, uma vez que o governo israelense defende, conforme a última proposta, manter uma presença reduzida neste corredor, enquanto o Cairo pretende uma retirada completa.
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