UNIÃO EUROPEIA
UE pede investigação independente a ataque de Israel a escola em Gaza
O Exército de Israel confirmou o bombardeio na última quarta-feira à noite da escola
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 07/06/2024 14:11 | Atualizado em: 07/06/2024 16:23
Meninos palestinos perto de uma mancha de sangue em uma escola da ONU que abriga pessoas deslocadas que foi atingida durante o bombardeio israelense em Nuseirat (Crédito: BASHAR TALEB / AFP) |
Meninos palestinos perto de uma mancha de sangue em uma escola da ONU que abriga pessoas deslocadas que foi atingida durante o bombardeio israelense em Nuseirat
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, quer uma investigação independente ao ataque israelita contra uma escola da agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), no campo de refugiados de Nuseirat, que abrigava cerca de seis mil pessoas e matou 45 pessoas, dentre os quais, três mulheres e nove crianças, além de deixar dezenas de feridos.
“As informações vindas de Gaza mostram repetidamente que a violência e o sofrimento continuam a ser a única realidade para centenas de milhares de civis inocentes. Essa terrível notícia deve ser investigada de forma independente, de acordo com a última ordem do Tribunal Internacional de Justiça. Um cessar-fogo duradouro é a única forma de proteger os civis e conseguir a libertação imediata de todos os reféns. Ambos os lados devem agora chegar a acordo sobre o plano trifásico dos Estados Unidos”, destacou Borrell.
O Exército de Israel confirmou o bombardeio na última quarta-feira à noite da escola e argumentou que havia milicianos do Hamas e da Jihad Islâmica no local.
O comissário da UNRWA, Philippe Lazzarini, lamentou que o ataque israelita à escola ocorresse sem qualquer aviso prévio, nem aos deslocados nem à UNRWA, uma vez que a agência da ONU já havia informado os pormenores desta escola as Forças de Defesa de Israel e as outras partes do conflito. “Consequências humanitárias dramáticas”, afirmou.
Lazzarini ainda disse que desde o início da guerra em Gaza mais de 180 edifícios da UNRWA, na sua maioria escolas convertidas em abrigos, foram atacados. “O resultado foi à morte até agora de mais de 450 pessoas deslocadas nessas instalações”, revelou.
“Existem regras de guerra que apelamos a que todos os lados do conflito adiram para proteger a inviolabilidade das nossas instalações. Existem também princípios de distinção e de proporcionalidade. Já vimos isto várias vezes, a ponto de quase se normalizar. Em conflitos anteriores, ataques como este causariam choque e indignação e seriam lembrados para sempre. Neste conflito este ataque será substituído por outro dentro de alguns dias, a menos que tudo chegue ao fim. Quase se tornam comum e mundano que estas coisas estejam acontecendo. Normalizamos o terror”, acrescentou Sam Rose, diretor de planejamento da UNRWA.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também condenou o ataque, e o classificou como um "exemplo horrendo" do que os civis passam neste conflito e que os incidentes com vítimas em massa, causados pela ofensiva israelita, estejam se ‘normalizando’.
"A ONU se colocou na lista negra da história, quando se uniu aos que apoiam os assassinos do Hamas", reagiu o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.
Guterres, além disso, notificou o goveno de Israel de que as suas Forças de Defesa foram incluídas em uma lista mundial de responsáveis de crimes contra crianças. A lista faz parte de um relatório sobre menores e conflitos armados que deverá ser apresentada ao Conselho de Segurança da ONU no dia 14 de junho.
Além disso, diversos países também emitiram uma nota de repúdio condenando o ataque israelense realizado à escola da UNRWA, em uma declaração conjunta assinada pelo Brasil, EUA, Argentina, Áustria, Bulgária, Canadá, Colômbia, Dinamarca, França, Alemanha, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Espanha, Tailândia, Reino Unido entre outros.
A ONU tem cerca de 300 escolas em Gaza, mas nenhuma funciona normalmente desde o começo da guerra, tendo se transformado em centros de acolhimentos para refugiados e deslocados que fogem do conflito.
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