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França não descarta enviar tropas europeias para ajudar a Ucrânia

O presidente francês Emmanuel Macron apontou que o envio de tropas terrestres ocidentais a Ucrânia não deve "ser excluído"


Ao final do encontro entre diversos líderes mundiais que aconteceu ontem em Paris, o presidente da França, Emmanuel Macron, não descartou o envio de militares europeus para combater na Ucrânia. Macron apontou que o envio de tropas terrestres ocidentais a Ucrânia não deve "ser excluído", no futuro, isto após o premiê da Eslováquia ter dito que alguns países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia (UE) ponderaram saudar acordos bilaterais para enviar tropas ao território ucraniano.
 
Nesta terça-feira (27), o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, também não excluiu a possibilidade do envio de tropas para combater a invasão russa da Ucrânia. “Não podemos excluir nada numa guerra que, mais uma vez, está acontecendo no coração da Europa e às portas da União Europeia. Há dois anos, muitos países excluíam o envio de armas, incluindo armas de defesa, aos ucranianos. Hoje estamos enviando mísseis de longo alcance para apoiar os ucranianos diante desta agressão”, avaliou. Attal ainda afirmou que a França não aceita que a Rússia possa vencer esta guerra e que o presidente russo Vladimir Putin possa dizer que assumiu o controle de outro país livre e democrático através da força. 
 
Entretanto, vários países se manifestaram contrários a declaração da França. A porta-voz do Governo espanhol, Pilar Alegria, disse que o seu país não concorda com o envio de tropas europeias para a Ucrânia, posição esta compartilhada igualmente pela Hungria, Polônia, Suécia e República Checa.
 
O Reino Unido também rejeitou enviar tropas para o terreno e o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, garantiu que não há planos nesse sentido e que Londres vai continuar a ajudar a Ucrânia com treinamento, alimentos e equipamento militar. O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz se juntou a outros países na recusa do envio de forças para a Ucrânia. “Mais uma vez, num debate muito positivo, foi discutido o que foi acordado desde o início entre nós e isso também se aplica ao futuro, ou seja, que não haverá tropas terrestres, nem soldados em solo ucraniano enviados por países europeus ou de Estados da OTAN”, disse Scholz 
 
O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, comentou que a França ao invés de soldados envie as armas e os tanques que podem ser fornecidos imediatamente. Já o presidente do Conselho de Segurança da União Europeia, Jerzy Buzek, indicou que o importante é aumentar significativamente o volume de equipamento militar fornecido à Kiev, sobretudo de alta tecnologia. 
 
Por sua vez, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, apontou que os EUA e o G7 continuarão a restringir o acesso da Rússia a materiais e a dinheiro para a guerra e que essas sanções incentivarão Moscou a negociar a paz com Kiev. “Temos de mostrar ao Kremlin que apoiaremos coletivamente a Ucrânia durante o tempo que for necessário”, disse.
 
Por outro lado, o Kremlin alertou para a “inevitabilidade” de um conflito com a OTAN se os países da Aliança Atlântica enviar tropas para a Ucrânia. “Neste caso, não precisamos falar sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade de um conflito. “Esses países que ponderam enviar tropas para a Ucrânia também devem avaliar e estar conscientes disso,  da resposta da Rússia, se perguntando se isso é do seu interesse, bem como do interesse dos cidadãos dos seus países”, disse Dmitry Peskov, porta-voz presidencial do Governo russo.
 
Enquanto isso, um alto funcionário presidencial ucraniano, que não quis se identificar, assinalou que o debate sobre o apoio militar direto à Ucrânia, com o envio de tropas para o terreno, é positivo e que mostra a consciência dos riscos que a agressão militar russa representa para a Europa, até porque, assegurou, a Rússia não vai parar até perder.

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