Nesta segunda-feira (25), na capital da Armênia, o porta-voz do Ministério do Interior disse que mais de 140 pessoas foram detidas durante os protestos que pedem a demissão do primeiro-ministro, Nikol Pashinyan. Mas, de acordo com a oposição armênia, o número de presos, entre os quais se encontram vários deputados, ultrapassa 200 pessoas. Os opositores reivindicam a demissão de Pashinyan, que acusam de falta de iniciativas na defesa dos cidadãos armênios do Nagorno-Karabakh, após a ofensiva militar do Azerbaijão, no dia 19 de setembro.
No domingo, o ex-primeiro-ministro armênio, Vazquen Manukyian, declarou que a oposição vai paralisar o país a partir de hoje. O ex-vice-presidente do Parlamento, Eduard Sharmazanov, também apelou por protestos da população, afirmando que se saírem às ruas dez mil pessoas, os policiais vão virar as costas a Pashinyan.
Êxodo histórico
Enquanto isso, o governo de Erevan disse hoje que cerca de três mil armênios foram deslocados e chegaram ao território da Armênia. No fim de semana, as autoridades da autoproclamada República do Nagorno Karabakh comunicaram que os cidadãos armênios que ficaram sem casa após os combates da semana passada podiam sair do território através dos corredores organizados pelas forças de pacificação russas presentes no enclave desde 2020.
Depois de o governo de Baku ter anunciado a intenção de reintegrar o território, as autoridades do enclave separatista, também conhecido como Artsakh, assumiram querer retirar uma população estimada em mais de 120 mil pessoas para a Armênia. Para o governo separatista armênio de Artsakh, o êxodo histórico de armênios étnicos traduz o receio da maioria de uma limpeza étnica quando as autoridades do Azerbaijão assumir o controle da região.
O governo armênio assegura estar preparado para receber os 120 mil compatriotas de etnia armênia. “Se não forem criadas condições de vida reais para os armênios de Nagorno-Karabakh nas suas casas, e mecanismos eficazes de proteção contra a limpeza étnica, então aumenta a probabilidade de os armênios de Nagorno-Karabakh verem a expulsão da sua terra natal como a única saída”, disse Pashinyan.
O primeiro-ministro armênio criticou ainda o bloco de segurança dominado pela Rússia, do qual a Armênia é membro, dizendo que a Organização do Tratado de Segurança Coletiva foi ineficaz na prevenção de mais violência.
Para muitos armênios, a região montanhosa de Nagorno-Karabakh é a sua pátria ancestral, mas é internacionalmente reconhecida como território do Azerbaijão. O enclave é governado por um executivo armênio local desde o início da década de 1990, após anos de guerra, que agora esta perto do colapsar depois do cessar-fogo com o Azerbaijão.