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Incêndios no Chile seguem sem controle apesar de combate incessante

Por: AFP

Publicado em: 08/02/2023 19:38

 (Foto: JAVIER TORRES / AFP)
Foto: JAVIER TORRES / AFP
Uma semana depois que uma onda de incêndios foi declarada na região centro-sul do Chile, o fogo está longe de ser controlado e a previsão de altas temperaturas, seca e ventos não melhora o panorama.

Trata-se de uma batalha incessante contra as chamas que envolve mais de 5.600 brigadistas florestais e bombeiros voluntários, e que já conta com apoio no terreno de contingentes de México, Colômbia e Espanha.

"Estamos entrando nesta parte da semana que é a mais complexa. Hoje, amanhã e depois temos um alerta de temperaturas elevadas em várias regiões do país, que tem mobilizado um esforço muito grande [...] para evitar que os incêndios se estendam", disse, nesta quarta-feira (8), a ministra do Interior do Chile, Carolina Tohá.

Um cenário complexo quando o número de incêndios ativos chega a 311 e 89 estão sendo combatidos, os piores números desde o início da crise atual.

"Se a temperatura subir e os ventos aumentarem, certamente podemos ter mais problemas, e já temos muitos incêndios", explicou à AFP o tenente-coronel Carlos Javier Martín Traverso, responsável pelo contingente militar espanhol que chegou ao Chile no domingo para colaborar com os trabalhos de extinção e controle dos focos.

As chamas arrasaram mais de 309.000 hectares nas regiões de Maule, Ñuble, Biobío e La Araucanía, uma superfície equivalente a um terço do território de Porto Rico.

O último balanço mantém o número de mortos em 24, enquanto os feridos chegam a 2.180. Os incêndios destruíram completamente 1.180 residências e deixaram 5.560 pessoas desalojadas.

Plantações de pinus 
A seca que assola o Chile há 13 anos é um elemento que colabora para a agressividade dos incêndios. É "o combustível pesado", pois "quanto mais úmidas estiverem" as árvores, "mais resistentes podem ser ao fogo", explicou o tenente-coronel Traverso.

Mas também passou a fazer parte da discussão das causas desses incêndios a enorme presença de plantações de árvores, de monocultura de pinus e eucalipto.

"As monoculturas chegam aos pés dos setores povoados, o que tornou a situação mais complexa e nos vimos sobrecarregados. As empresas são importantes, mas o chamado é para regular isso com leis", declarou, na segunda-feira (6), o prefeito de Purén (La Araucanía), Jorge Rivera, ao explicar a situação vivenciada em seu município, um dos mais atingidos pelas chamas.

Um dia depois, veio a resposta da Corporação Chilena de Madeira (Corma), que reúne os empresários do setor. Silvia Hormazábal, do Departamento de Prevenção e Proteção da Corma, disse que o fogo não faz discriminação.

"Dizer que os incêndios estão se propagando por causa das plantações não é correto. Elas sim contribuem porque todo o combustível é queimado, mas é um erro dizer que a responsabilidade é exclusiva das plantações", argumentou Hormazábal em conversa com a rádio Cooperativa.

As monoculturas têm "incidência" na crise atual, explicou à AFP Miguel Castillo, professor do Laboratório de Incêndios Florestais da Universidade do Chile.

"Mas este papel está mais relacionado com a rápida propagação depois que o incêndio já começou, e não com a causa do fogo", destacou.

"Vejo que os incêndios acontecem dentro e fora das plantações" florestais, disse o tenente-coronel Traverso em seu segundo dia de trabalho no Chile. "Não estão queimando apenas as plantações de explorações comerciais. A floresta no geral está queimando, a paisagem em geral", disse.
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