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Vítimas das Farc na Colômbia rejeitam sanções previstas por tribunal de paz

Por: AFP

Publicado em: 28/11/2022 18:30

 (Foto: Juan BARRETO / AFP
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Foto: Juan BARRETO / AFP
Um grupo de ex-reféns das Farc, a principal guerrilha desmobilizada da Colômbia, rejeitou nesta segunda-feira (28) as penas alternativas à prisão que o tribunal de paz irá impor aos líderes da organização.

"Nós (as vítimas) nos sentimos decepcionados, por isso decidimos nos afastar. Na JEP (Justiça Especial para a Paz) não vamos encontrar justiça", disse em comunicado a Fundação Defesa dos Inocentes, que representa os familiares de alguns dos 12 deputados sequestrados em abril de 2002. Onze deles foram executados por guerrilheiros em 2007.

Decorrente do acordo de paz que desarmou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2017, a JEC pode aplicar penas de oito anos "em restrição não prisional de liberdades e direitos" a seis líderes do hoje partido de esquerda, segundo antecipou na sexta-feira uma das salas que compõem o sistema judiciário que investiga crimes hediondos cometidos durante o conflito.

No entanto, os magistrados ainda não anunciaram as sanções finais. O acordo de paz excluiu a prisão como punição para ex-rebeldes que confessem e peçam perdão por seus crimes. Em troca, devem realizar "trabalhos que contribuam para a reparação das vítimas".

A franco-colombiana Íngrid Betancourt, que por seis anos esteve nas mãos da guerrilha antes de ser resgatada pelos militares em 2008, anunciou que vai recorrer da eventual decisão e não descarta apelar a instâncias internacionais.

"Trata-se mais de sanções simbólicas do que de uma verdadeira restauração para as vítimas", disse a ex-candidata presidencial em comunicado.

Da mesma forma, o general reformado Luis Mendieta, refém por quase 12 anos, garantiu à Rádio W que a ex-guerrilha "não cumpriu com a verdade" e "não há interesse da JEC em fazer justiça".

Enquanto isso, Rodrigo Londoño, o último comandante das Farc, conhecido como Timochenko, reagiu às reivindicações, reafirmando seu "compromisso irrestrito e inabalável" com as vítimas.

"Reconhecemos o sequestro como um fato que nunca deveria ter ocorrido no conflito armado interno colombiano e que causou profunda dor às vítimas e suas famílias", destacou nesta segunda-feira em comunicado assinado por outros ex-comandantes.

A JEC acusou o comando das Farc de crimes contra a humanidade relacionados a mais de 21 mil sequestros e torturas cometidos entre 1990 e 2016.

Os magistrados também acusaram comandantes do Exército pela execução de civis apresentados como rebeldes mortos em combate.

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