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Ex-assessor acusa Boris Johnson de mentir no parlamento britânico

Publicado em: 19/01/2022 07:22

 (Foto: Daniel Leal/AFP)
Foto: Daniel Leal/AFP
Dominic Cummings, o influente cérebro da campanha do Brexit, acusou o primeiro-ministro Boris Johnson, nas redes sociais, de ter mentido no Parlamento. O premiê britânico afirmou, ante os legisladores, que achava que festa de 20 de maio de 2020 — a qual violou as regras do confinamento contra a covid-19 — era uma reunião de trabalho. Jonhson esteve por 25 minutos na festa, ocorrida nos jardins de Downing Street, a residência oficial. Cummings assegurou que ele mesmo e outro funcionário avisaram Boris de que a festa estava sendo organizada. O secretário particular do premiê enviou 100 convites para o evento.

Depois de garantir não ter tido conhecimento da organização da celebração de 20 de maio de 2020, durante o primeiro confinamento, o chefe de Estado conservador mudou de tom. Pediu desculpa aos deputados, após a imprensa revelar que ele compareceu ao evento, um dos muitos que teriam sido organizados em Downing Street ao longo dos confinamentos impostos nos últimos dois anos. "O primeiro-ministro foi avisado sobre esses convites. Ele sabia que era uma festa. Ele mentiu no Parlamento", tuitou Cummings, que não poupa injúrias contra seu ex-chefe desde que renunciou em novembro de 2020.

Em seu blog, ele acrescentou que Boris Johnson minimizou a importância de suas preocupações e se declarou disposto a "afirmar isso sob juramento" — tanto ele quanto outras testemunhas. Um porta-voz do chefe de governo negou. "É falso dizer que o primeiro-ministro foi avisado com antecedência sobre este evento", replicou.

Segundo ele, Johnson "implicitamente" acreditava que se tratava de uma reunião de trabalho. O assessor ressaltou que já está em andamento uma investigação interna a este respeito, liderada por uma alta funcionária de alto escalão, Sue Gray. Os pedidos de renúncia de Johnson nos últimos dias vêm aumentando, inclusive de suas fileiras. Downing Street também pediu desculpas à rainha Elizabeth II por duas festas que aconteceram em abril de 2021, na véspera do funeral de seu marido, o príncipe Philip.

Para John Curtice — professor de política da Universidade de Strathclyde, em Glasgow (Escócia) —, a declaração de Cumings assegura que a questão central não mais envolve a violação das regras de lockdown por parte de Downing Street. "O que está colocado é se Boris Johnson mentiu ou não em seus relatos sobre o que ocorreu nessas festas. A maioria dos eleitores concluiu que não acredita mais no primeiro-ministro, mas o julgamento continua entre os tories (conservadores) do Parlamento", afirmou ao Correio, por e-mail.
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