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"Peregrino'

No Iraque, papa Francisco e aiatolá Sistani se comprometem com a 'paz'

Por: AFP

Publicado em: 06/03/2021 14:25

 (A segurança dos cristãos no Iraque foi tema do encontro (STRINGER / VATICAN MEDIA / AFP))
A segurança dos cristãos no Iraque foi tema do encontro (STRINGER / VATICAN MEDIA / AFP)
O papa Francisco havia dito que viajaria ao Iraque como um "peregrino da paz". Em retorno, o grande aiatolá xiita Ali Sistani declarou a ele, neste sábado (6), seu compromisso com a "paz" e a "segurança" dos cristãos no Iraque.

Depois deste encontro na cidade sagrada xiita de Najaf, o papa deu início ao ponto alto espiritual de sua jornada: a peregrinação a Ur, cidade natal de Abraão no sul do Iraque, para rezar por "liberdade" e "unidade", a fim de pôr fim às guerras e ao "terrorismo". Era esta cidade, na planície desértica onde nasceu o pai dos monoteísmos, que João Paulo II quis visitar em 2000, antes de ser impedido por Saddam Hussein.

Francisco, conhecido por suas mãos estendidas em todas as direções para outras religiões, acrescentou seu toque: insistiu em rezar com dignitários yazidis - uma pequena minoria do Iraque martirizada pelos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) - mas também sabeus e zoroastristas - comunidades milenares no país - e muçulmanos - xiitas e sunitas.

"Paz" para os cristãos do Iraque

Antes disso, o líder de 1,3 bilhão de católicos do mundo conversou por quase uma hora com o grande aiatolá Ali Sistani, referência religiosa para a maioria dos 200 milhões de xiitas no Iraque e em outros lugares. Ao final desta reunião a portas fechadas, um dos encontros religiosos mais importantes da história, o grande aiatolá Sistani disse ao papa que estava comprometido a garantir "paz", "segurança" e "todos os direitos constitucionais" aos cristãos do Iraque.

O papa os encontrou, enfim, na parte da noite. Na Igreja de São José, no centro de Bagdá, ele celebrou sua primeira missa em público, de longe o exercício que ele prefere. Diante de uma esparsa assembleia devida ao coronavírus, o soberano pontífice de 84 anos pronunciou sua primeira missa de rito oriental, iniciada sob ululações e traduzida para o árabe e o aramaico.

O encontro entre Francisco e o grande aiatolá é um acontecimento para o país, e o primeiro-ministro Moustafa al-Kazimi declarou 6 de março o "Dia Nacional da Tolerância e Coexistência". A comunidade cristã do país, uma das mais antigas do mundo, encolheu nos últimos 20 anos.

Ela passou de 1,5 milhão de membros para cerca de 400.000, em decorrência da violência e da pobreza, endêmica no país. Os cristãos queixam-se regularmente de não serem apoiados pelo Estado perante milicianos ou políticos que tomam as suas casas ou terras e afirmam ter menos acesso ao emprego do que outros.
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