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PROTESTOS

100 manifestantes seguem entrincheirados em universidade de Hong Kong

Por: FolhaPress

Publicado em: 19/11/2019 16:58

O campus está cercado pelas forças de segurança desde domingo, no que já é considerado o confronto mais violento entre ativistas e policiais desde o início dos protestos, em junho (Foto: ANTHONY WALLACE / AFP)
O campus está cercado pelas forças de segurança desde domingo, no que já é considerado o confronto mais violento entre ativistas e policiais desde o início dos protestos, em junho (Foto: ANTHONY WALLACE / AFP)
Apesar das ameaças de intervenção cada vez mais explícitas do governo da China, cerca de cem manifestantes pró-democracia continuam entrincheirados na Universidade Politécnica (PolyU), em Hong Kong nesta terça-feira (19).
 
O campus está cercado pelas forças de segurança desde domingo, no que já é considerado o confronto mais violento entre ativistas e policiais desde o início dos protestos, em junho.
Muitos estudantes que estão no prédio temem ser presos ao tentar sair. Alguns, mascarados, escaparam na segunda-feira (18) deslizando por mangueiras de plástico e fugindo em motos que os esperavam na parte de baixo. A polícia tentou impedi-los atirando balas de borracha. 
 
Nesta terça, cerca de 235 feridos foram levados ao hospital. "Eu só quero sair. Estou muito cansado", disse Thomas, 20, estudante de outra universidade que estava no campus sitiado desde o início da confusão. "Eu não joguei coquetéis Molotov. Estava aqui apoiando o protesto."
Ele caminhou lentamente com outras dez pessoas em direção aos policiais. Todos foram revistados e presos. 
 
Segundo a polícia, 800 pessoas já deixaram a universidade pacificamente e serão investigadas, incluindo 300 menores de idade.
 
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu às autoridades locais que busquem uma "solução pacífica" para o cerco à PolyU.
 
O destino dos manifestantes que estão lá dentro provoca uma comoção no movimento pró-democracia de Hong Kong, ex-colônia britânica que enfrenta a crise política mais grave desde que retornou à soberania chinesa em 1997.
 
Dezenas de milhares de pessoas protestaram na segunda-feira na região de Kowloon para tentar criar outro foco de atenção da polícia e reduzir a pressão sobre a PolyU -a polícia já anunciou que pode usar munição letal depois que um agente foi ferido na panturrilha por uma flecha lançada por um ativista.
 
A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, eleita por um comitê favorável a Pequim, falou pela primeira vez sobre a situação e disse que os manifestantes não têm outra saída a não ser a rendição. Ela afirmou que os amotinados devem "entregar as armas e sair pacificamente" e prometeu que os menores de idade que se entregarem não serão detidos -os maiores podem ser condenados a até dez anos de prisão.
 
"Mesmo se nos entregarmos, seremos presos", declarou à AFP um estudante de mecânica. "Querem dar a impressão de que temos duas opções, mas só existe uma: a prisão."
 
Os soldados do exército chinês, que têm uma guarnição em Hong Kong desde 1997, saíram do quartel no fim de semana para limpar as barricadas de algumas ruas, uma operação que provoca o temor de uma possível intervenção militar.
 
E o embaixador da China no Reino Unido, Liu Xiaoming, advertiu que Pequim não permanecerá de braços cruzados se a situação no território ficar "incontrolável".
 
O regime chinês criticou uma decisão da Alta Corte do território que considera inconstitucional a proibição de máscaras nos protestos.
 
"A decisão da Alta Corte de Hong Kong enfraquece gravemente a capacidade de governar por parte dos chefes do Executivo local", disse Zang Tiewei, porta-voz da Comissão de Leis do Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP), segundo a imprensa estatal.
Zang considera que apenas a ANP tem o poder de decidir se uma lei está de acordo ou não com a lei fundamental de Hong Kong.
 
A onda de protestos começou em junho com as críticas a um projeto de lei, depois abandonado, que autorizava extradições à China continental. Desde então, os manifestantes ampliaram as reivindicações para exigir reformas democráticas e uma investigação sobre a violência policial.
Quase 4.500 pessoas foram detidas em cinco meses e meio de atos nas ruas.
 
Na semana passada, a crise entrou em uma nova fase, mais radical, com a adoção pelos manifestantes de uma estratégia batizada de "Blossom Everywhere" (florescer em toda parte), que consiste em multiplicar as ações em vários pontos ao mesmo tempo para testar a capacidade de reação da polícia.
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