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REINO UNIDO

Pedido de adiamento do Brexit é examinado pela UE

Por: AFP

Publicado em: 23/10/2019 10:17

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, solicitou um adiamento de três meses. (Foto: Tolga Akmen/AFP
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Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, solicitou um adiamento de três meses. (Foto: Tolga Akmen/AFP )
Os sócios europeus do Reino Unido debatem nesta quarta-feira (23) o pedido de um adiamento do Brexit, com os países defendendo que a data de saída seja 31 de janeiro, como solicitado por Londres, e com a França a favor de "alguns dias" após o apoio do parlamento britânico ao acordo de divórcio.

Às véspera do Brexit, agendado para 31 de outubro, um relutante primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, solicitou um adiamento de três meses, um pedido de extensão que não gera debates em Bruxelas, a não ser relativo a sua duração.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recomendou que os líderes dos outros 27 países da União Europeia (UE) adiem o Brexit até 31 de janeiro, data que parece ser aceita pelo irlandês Leo Varadkar.

Durante uma conversa por telefone nesta quarta, Tusk e Varadkar "indicaram que o Reino Unido poderá partir antes de 31 de janeiro de 2020, se o acordo de retirada for ratificado antes dessa data", anunciou o governo irlandês.

"Essa extensão permitirá que o Reino Unido esclareça sua posição e a Câmara Europeia [que ratificará o acordo do Brexit depois que o Parlamento britânico o fizer] desempenhará seu papel", disse o presidente da instituição, David Sassoli.

A decisão requer unanimidade. Além dos contatos entre Tusk e os 27 líderes, seus embaixadores em Bruxelas se reúnem às à tarde para expressar o ponto de vista de cada país, segundo fontes diplomáticas.

Uma fonte europeia garantiu à AFP que não há garantias de que os 27 aceitarão a proposta de Tusk e alertou que, "se houver muitas diferenças", uma nova cúpula de líderes poderá ser convocada em 28 de outubro.

Dias, semanas, meses
As diferenças começam a aparecer. A França, através de sua secretária de Estado para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, falou na terça-feira de sua disponibilidade para um "adiamento técnico" da data do Brexit, mas de apenas "alguns dias".

A Alemanha não se oporá ao adiamento da data do Brexit, segundo a porta-voz da chanceler Angela Merkel, após o chamado do Presidente do Conselho Europeu para aceitar tal medida.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, já havia defendido o adiamento por duas ou três semanas, se isso permitir que deputados britânicos, que na segunda-feira apoiaram o acordo assinado quatro dias antes por Johnson, ratifiquem a lei.

"Se é para adiar o Brexit até o final de janeiro, precisamos saber o motivo, o que acontecerá nesse meio tempo e se haverá eleições no Reino Unido", disse Maas em declarações à televisão alemã RTL.

As dúvidas na UE estão focadas precisamente nos planos de Johnson, determinados a deixar seu país fora do bloco em 31 de outubro, mas na terça-feira ele não obteve o apoio do parlamento para um processo acelerado da ratificação.

Após essa caótica sessão parlamentar, o primeiro-ministro britânico garantiu que suspendeu o processo legislativo enquanto aguardava a decisão da UE, mas, ao mesmo tempo, garantiu que deixariam o bloco com esse acordo.

No poder por menos de três meses, Johnson também tenta convocar legislativas antecipadas, já que em setembro ele perdeu a maioria no Parlamento britânico, algo que a oposição está impedindo no momento.

Uma terceira extensão do Brexit, que foi apoiado por 52% dos votos no referendo de 2016 e inicialmente agendado para março passado, deve permitir que as eleições, e também estender um processo que parece interminável.
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