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Guaidó defende permanência nas ruas para derrubar Maduro

Publicado em: 06/07/2019 11:55

Protestos têm tido menos participação desde o auge há cinco meses, quando o chefe do Parlamento se autoproclamou presidente interino da Venezuela. Foto: CRISTIAN HERNANDEZ / AFP
O líder opositor Juan Guaidó convocou o povo da Venezuela a "seguir nas ruas" para exigir a saída do presidente Nicolás Maduro, que se protegeu novamente na lealdade da cúpula da Força Armada.

"Não se rendam. Vamos conseguir!" - conclamou Guaidó, chefe do Parlamento, pedindo aos manifestantes para não desanimar, diante da queda na participação nos protestos, que tiveram seu auge há cinco meses, quando o chefe do Parlamento se autoproclamou presidente interino da Venezuela, com o apoio de mais de 50 países.

"Sim, é possível! É possível!" - gritou a multidão reunida em torno de uma caminhonete sobre a qual Guaidó fez seu discurso.

"Vamos seguir nas ruas agitando toda a Venezuela", prometeu.

A manifestação, para rejeitar as "violações dos direitos humanos", coincidiu com as celebrações do dia da declaração da independência na Venezuela.

A mobilização esperava chegar ao Quartel da Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM), onde no sábado passado morreu o capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, que teria sido torturado no local. 

O acesso à DGCIM foi bloqueado por um veículo conhecido popularmente como "morcego", que abre barreiras de metal como se fossem asas. "Puseram um piquete (...), uma muralha", protestou Guaidó.

Um pequeno grupo de manifestantes lançou pedras e garrafas contra os agentes posicionados atrás da barreira, mas não houve maiores incidentes.

- Forma Armada 'presente' -
Já Maduro liderou o tradicional desfile militar de 5 de julho, recebendo pela enésima vez o apoio do alto comando da Força Armada.

"Conte você com a Força Armada (...). Não temos medo de enfrentar os inimigos da pátria", disse ao presidente o almirante Remigio Ceballos.

Maduro anunciou exercícios militares nas fronteiras terrestres, aéreas e marítimas para o próximo dia 24 de julho, a fim de "manter lubrificada a máquina" diante dos planos desestabilizadores liderados pelos Estados Unidos.

"Já basta de conspirações" e "apelos à intervenção militar e à guerra", exclamou Maduro.

Durante a parada militar, Maduro disse que na próxima semana terá "boas notícias" sobre as negociações iniciadas com delegados da oposição em maio em Oslo, sob a mediação da Noruega, congeladas após a morte de Acosta Arévalo.

- "Erosão" dos direitos humanos -
Nesta sexta-feira, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou a "erosão" do Estado de direito na Venezuela, mas também advertiu que as sanções internacionais agravam a crise no país.

Bachelet, que visitou a Venezuela de 19 a 21 de junho, discursou no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, um dia depois da publicação de um relatório sobre o país, cujo governo denunciou um documento repleto de "erros".

O relatório indica que desde 2018 quase 7.000 pessoas foram assassinadas em supostos casos de "resistência à autoridade", segundo o governo, durante operações de segurança.

"As principais instituições e o estado de direito na Venezuela sofreram uma erosão", declarou Bachelet.

"O exercício da liberdade de opinião, de expressão, de associação e de reunião, e o direito a participar na vida pública, comporta um risco de represálias e de repressão", disse.

"Nosso relatório menciona ataques a opositores reais ou supostos e a defensores dos direitos humanos, que vão desde ameaças e campanhas de difamação à detenção arbitrária, tortura e maus-tratos, violência sexual, assassinatos e desaparecimentos forçados", completou a Alta Comissária.
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