O futuro líder conservador ameaça um Brexit sem acordo até a data limite de 31 de outubro, mas ao mesmo tempo quer acreditar na possibilidade de encontrar um terreno comum.
Veja qual a sua estratégia e chances de sucesso:
Plano A
Mas admite que isso está quase fora de alcance, dado o recesso parlamentar deste verão e o estabelecimento de novas equipes em Londres e Bruxelas.
Haveria apenas algumas semanas em setembro e outubro para negociar, o que parece muito pouco, já que o atual acordo foi o resultado de 17 meses de difíceis discussões que resultaram em um texto de 585 páginas.
A União Europeia repetiu diversas vezes que está pronta apenas para mudanças na declaração política sobre a futura relação entre as partes, que acompanha o tratado de retirada.
Plano B
E excluiria o chamado "backstop", a rede de segurança que visa impedir o regresso de uma fronteira dura entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte.
Johnson está apostando em uma estratégia de "ambiguidade construtiva", particularmente sobre o pagamento de 39 bilhões de libras que Londres deve à UE no âmbito do Brexit.
Este montante poderia servir como meio de pressão para obter de Bruxelas um acordo de "status quo" que permita renovar as regras comerciais existentes até à assinatura de um novo acordo.
A fim de evitar o retorno de uma fronteira na Irlanda durante este período transitório, Johnson mencionou certas soluções tecnológicas ou isenções.
Ele garante que tudo pode ser resolvido "bem antes" das próximas eleições legislativas no Reino Unido, marcadas para maio de 2022.
Plano C
É por isso que a ameaça de um "no deal", ou Brexit sem acordo, faz todo o sentido.
Este cenário temido pelos meios econômicos terá, de fato, consequências muito mais graves para o Reino Unido do que para o continente, que tem uma economia muito maior e mais diversificada.
Essa solução também pode colocar em risco o acordo de paz na Irlanda do Norte, que encerrou décadas de violência, sem contar que será um fracasso diplomático retumbante para o Reino Unido.
Uma estratégia viável
Ele assegurou que uma saída da UE em 31 de outubro, mesmo sem acordo, não implicará em novas tarifas alfandegárias num futuro imediato. Mas esse arranjo só é possível em caso de acordo mútuo entre Londres e Bruxelas, um ponto que Boris Johnson ignorava, e que finalmente admitiu.
Segundo ele, no entanto, a UE tem todo o interesse em cooperar, mas está mais do que pronto para romper as pontes em 31 de outubro.