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Bonecas sexuais que falam são um remédio para a solidão na China

Na China, o desequilíbrio entre homens e mulheres é enorme: 33,6 milhões a mais de homens do que mulheres em uma população de 1,4 bilhão de habitantes

Foto: Fred Dufour/AFP

Os corpos nus das bonecas estão alinhados na oficina da empresa especializada Exdoll, localizada na cidade portuária de Dalian. "Como você se chama?", pergunta o programador de jaleco branco a uma loira com camisola transparente. "Me chamo Xiaodie, mas você pode me chamar de 'baby'", responde ela em mandarim com voz de robô.

O engenheiro pede que toque uma música. Dito e feito. A boneca emite uma balada tradicional. A Exdoll se baseia nos progressos da inteligência artificial para criar bonecas capazes de se expressar. Seu objetivo é combater a solidão dos solteiros, idosos e deficientes.

Foto: Fred Dufour/AFP

Minissaia e silicone 
 
A preferência pelos homens - que transmitem o sobrenome e quando adultos fornecem mão de obra à família - levava alguns casais a recorrer a abortos seletivos.

Atualmente, no país nascem 114 meninos a cada 100 meninas, uma defasagem muito maior em relação à média mundial. O envelhecimento rápido da população leva a um grande número de idosos viúvos. "A China tem uma escassez de mulheres. É um fator que alimenta a demanda de nossos produtos. Mas nossas bonecas não se limitam a propor sexo", explica à AFP Wu Xingliang, diretor de Marketing da Exdoll.

Sentado entre duas bonecas - uma com minissaia e outra com uniforme de aluna japonesa -, Wu está convencido de que a empresa para a qual trabalha pode resolver alguns problemas sociais. As bonecas inteligentes "podem manter conversas profundas e ajudar com as tarefas domésticas. No futuro, inclusive, poderão prestar assistência médica", afirma.

Foto: Fred Dufour/AFP

A cada mês o grupo também fabrica cerca de 400 bonecas "tradicionais" sob medida. Os clientes podem escolher a altura, o tamanho dos seios, a quantidade de pelo púbico, a cor da pele, dos olhos e do cabelo. A Exdoll confia em melhorar seus modelos no futuro, acrescentando reconhecimento vocal, expressões faciais complexas e a capacidade de seguir o usuário visualmente.

"Queremos um robô com o rosto mais bonito possível e o corpo mais excitante possível", resume Qiao Wu, diretor de Desenvolvimento da empresa. Segundo ele, as primeiras bonecas com inteligência artificial ultrarrealistas estarão disponíveis daqui a 10 anos.

A China fabrica mais de 80% dos brinquedos sexuais produzidos no mundo. O setor emprega um milhão de pessoas no país e representa 6,6 bilhões de dólares em volume de negócio. O curioso é que estas bonecas-robôs não desagradam os defensores chineses dos direitos das mulheres. 

Foto: Fred Dufour/AFP

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