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Ucrânia prepara resposta aos separatistas; Rússia pressionada


O presidente ucraniano, Petro Porochenko, declarou neste domingo que "não há alternativa" aos acordos de paz assinados em setembro com os separatistas pró-russos após o ataque de sábado.

"A Ucrânia é partidária de uma solução pacífica para o conflito. Nós não vemos alternativa aos acordos de Minsk", declarou Poroshenko durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional e Defesa.

Durante a reunião, as autoridades de Kiev tentam definir "medidas adicionais, considerando uma súbita deterioração da situação no leste".

Os ocidentais condenaram fortemente o ataque contra a última grande cidade do leste separatista sob controle de Kiev, com alguns evocando novas sanções contra a Rússia, acusada de apoiar militarmente a rebelião.

O conflito no leste separatista pró-russo experimentou, no sábado, um ponto de viragem com o bombardeio com lançadores múltiplos de foguetes Grad a um bairro densamente povoado de Mariupol, que deixou pelo menos 30 mortos e centenas de feridos.

Kiev acusou os separatistas e a Rússia de serem responsáveis pela tragédia.

Observadores da OSCE presentes no local do ataque, concluíram no sábado que os disparos foram feitos a partir de posições controladas pelos rebeldes e que alguns foguetes caíram a 400 metros de um posto de controle do exército ucraniano.

Poucas horas após o bombardeio, o líder da autoproclamada república separatista de Donetsk, Alexander Zakharchenko, declarou que tinha lançado uma ofensiva contra Mariupol, uma cidade industrial de meio milhão de habitantes, cuja conquista permitira a criação de uma ligação terrestre entre a Rússia e a Crimeia, anexada em março por Moscou, mas altamente dependente de Kiev para o seu abastecimento de água, eletricidade e comida.

Zakhartchenko negou a responsabilidade dos rebeldes neste bombardeio.

Escalada perigosa

O secretário do Conselho ucraniano de Segurança Nacional e Defesa, Olexandre Turchinov, considerou no sábado que o presidente russo, Vladimir Putin, era "pessoalmente responsável" pela escalada do conflito.

Ucranianos homenageiam vítimas de bombardeios

De acordo com fontes da UE, os 28 ministros das Relações Exteriores poderiam ser convocados esta semana para discutir a questão da Ucrânia.

A Letônia, atual presidente da UE, pediu novas sanções contra a Rússia, "totalmente responsável pelo ataque dos separatistas contra Mariupol", segundo um tuíte do chefe da diplomacia, Edgars Rinkevics.

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu a Moscou "o fim imediato" de seu apoio aos separatistas, enquanto o vice-presidente Joe Biden se reuniu no sábado com o presidente ucraniano.

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, julgou, por sua vez, "muito perigosa" a escalada na Ucrânia.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, "condenou veementemente" o bombardeio, assim como a OSCE e a Otan.

No sábado à noite, os 15 países do Conselho de Segurança da ONU tentaram, sem sucesso, desenvolver uma declaração sobre Mariupol, por iniciativa de Londres. Mas a Rússia bloqueou esta iniciativa, de acordo com diplomatas ocidentais.

O ataque ocorreu dias após o abandono por parte do exército do aeroporto de Donetsk, local altamente simbólico.

"Este é mais um passo na escalada do conflito. O objetivo deste ataque é desacreditar o governo ucraniano e causar protestos em cidades próximas da frente de combate", acredita Oleksii Melnik, analista do centro independente de Razumkov.

De acordo com o ministro da Defesa, Stepan Poltorak, os rebeldes estão instalando nos arredores de Mariupol lançadores múltiplos de foguetes e a presença militar ucraniana foi reforçada.

Kiev denuncia desde o início da semana a entrada de batalhões russos na Ucrânia.

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