Moda

Moda masculina cada vez mais fluida em Paris e Milão

Depois de Londres, as passarelas de Milão e Paris se abrem às novas tendências para o guarda-roupa masculino, marcadas pelos desfiles mistos (co-ed) e pela fluidez entre gêneros

Grifes como Dolce&Gabbana cruzaram as passarelas de Milão e Paris e propuseram fluidez de gênero. Foto: Miguel Medina/AFP

Cada vez mais fluido e sem gêneros engessados, as semanas de moda masculinas na Europa continuam a lançar tendências para todo o mundo. Na esteira da Semana de Moda de Londres, encerrada na primeira quinzena deste mês, Alberta Ferretti e Ermenegildo Zegna abriram a Semana da Moda Masculina de Milão, que desta vez inclui treze desfiles mistos e dois femininos. Dessa vez, a capital da Lombardia recebe 28 desfiles de prêt-à-porter para a primavera-verão 2019 - além da marca Dolce&Gabbana fora do calendário oficial. “O calendário dessa edição responde aos desafios impostos pela dimensão mundial e fluida da moda, com mercado e semanas de moda em constante evolução”, explicou o presidente da Câmara de Moda Italiana, Carlo Capasa. “A presença de coleções femininas no calendário é um sinal da centralidade de Milão no panorama das fashion weeks, como espaço de expressão criativa e centro de negócios”, complementou.

Após anos difíceis, vale frisar, a indústria italiana da moda volta a sorrir: seu volume de negócio aumentou no ano passado em 3,2%, a 94 bilhões de euros, segundo números provisórios da Confindustria Moda, líder do setor que emprega 580.000 pessoas. A moda masculina cresceu 3,4% graças à alta das exportações (%2b5,2%), que representam 65,5% das vendas. Zegna, um dos destaques da temporada, escolheu o palácio Mondadori, um magnífico edifício do século XX desenhado por Oscar Niemeyer, para apresentar suas apostas.

Diante de um incrível pôr do sol, os modelos desfilaram em uma passarela sobre a extensão de água que acompanha o palácio. Alessandro Sartori desenhou uma coleção muito contemporânea, que mistura um espírito 'sport' com atenção ao detalhe e à qualidade dos materiais – entre cashmere, crochê e seda. Os casacos quadriculados são usados com calças listradas e vice-versa. O homem de Zegna também veste jaquetas bomber revisitadas. A coleção, com o logo XXX, apresenta variações de cáqui, rosa, azul pálido, ocre, amarelo e azul marinho. 

Grifes como Dolce&Gabbana, Prada, Fendi e Giorgio Armani permaneceram fiéis ao evento. Foto: Miguel Medina/AFP

A atriz Monica Bellucci e a modelo Naomi Campbell, estrelas dos anos 1980, foram sensação neste ao desfilarem para a italiana Dolce&Gabbana. Foto: Miguel Medina/AFP

PARA DOLCE & GABBANA 

A atriz Monica Bellucci e a modelo Naomi Campbell, estrelas dos anos 1980, foram sensação neste ao desfilarem para a italiana Dolce&Gabbana, que ofereceu um espetáculo sobre "os opostos que se atraem", no segundo dia da Semana de Moda de Milão. Com uma decoração barroca dourada, grandes lustres, espelhos ovais e anjos, a dupla de estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana criou, como de costume, um cenário excêntrico para este espetáculo concebido como uma viagem "revisitada" ao DNA da marca. O desfile, misto, pretendia refletir a diversidade da sociedade. Todas as combinações são válidas: casal heterossexual, de homens, de mulheres, de jovens com mais velhos, sem esquecer as famílias com filhos. 

A marca, da qual os millenials (jovens nascidos entre 1980 e 2000) são os alvos, trouxe para o desfile famosos como o ator Cameron Dallas, o cantor chinês Karry Wang, e Kailand Wander, filho do cantor Stevie Wonder. A primeira surpresa veio na abertura do desfile, com Monica Bellucci, cujo último desfile remontava a 1992 para a mesma marca. Cabelo longo e liso, a atriz usava um terno preto, em saltos vertiginosos. O público teve direito a mais duas surpresas, com a entrada das modelos Marpessa e Naomi Campbell, ambas vestindo ternos masculinos, uma de boina e outra de chapéu fedora. O resto do desfile foi muito menos sóbrio, seguindo o DNA da marca: ternos incrustados com pedras preciosas, preto ou vermelho cheio de glitter, sem esquecer um grupo de avós vestidas no estilo "rapper".

A coleção da Versace teria sido pensada para "homens que quebram as regras e fazem suas próprias escolhas de vestimenta". Foto: Miguel Medina/AFP

Outro peso pesado da temporada foi a marca italiana Versace, que também propôs um desfile misto (co-ed), tendência cada vez mais presente no mundo da moda, com a supermodelo Bella Hadid. Na Versace, homens e mulheres podem vestir estampas de cobra em vermelho ou cinza, florais, padrões barrocos coloridos com fundo preto ou, para os mais aventureiros, verde ou rosa fluorescente. Os homens usam seus ternos ou shorts com tênis ou sandálias vintage. Donatella Versace, diretora criativa da marca, explicou que criou a coleção masculina pensando em três tipos de homens, o astro em "street style", o fashionista e o executivo. "Homens que quebram as regras e fazem suas próprias escolhas de vestimenta", explicou. "O homem Versace não é comum, ele é visto, comenta-se sobre ele", disse ela. A nova coleção pretende “brincar” com esse lado sensual. 

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A tendência do "look total" (uma única estampa dos pés à cabeça) seduziu a marca italiana Valentino e pode encontrar eco nas ruas e vitrines de todo o mundo, com adaptações de tecido e modelagens aos diferentes climas e estilos.

Flores e estampas geométricas também ganharam destaque nas passarelas europeias. No Brasil, a proposta tem tudo a ver com a identidade cultural nacional e deve fazer sucesso, sobretudo na camisaria.

O jeans continua poderoso, sendo revisitado com cinturas extremamente baixas, cortes na altura da virilha e toques de cor na parte de trás das calças.

A jovem marca Namacheko mostrou que não é necessário jogar na Copa do Mundo da Rússia para usar shorts e meias, combinados com sapatos pretos e jaquetas de manga curta. 

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