Fala-se nos bastidores da moda que a aura de sensualidade e a aparência mais saudável que a de modelos contemporâneas teriam sido determinantes para lançar à fama o nome da top brasileira Gisele Bündchen, nos anos 1990. Fala-se menos sobre isso do que se deveria. Na época, a androginia e a magreza absurda de expoentes como a britânica Kate Moss consolidavam um padrão de beleza que seria perseguido durante décadas por mulheres de todo o mundo – apontado, mais tarde, como grande motivador de distúrbios alimentares naquela geração. Gisele fugia ao padrão. Mas, com 1,80m e 52 Kg, ela não deixava de estabelecer um novo paradigma. Revisitar sua gênese no mundo da moda ajuda, agora, a entender a procura – fortalecida, nos últimos anos, por “musas fitness” das redes sociais – pela fórmula que lhe rendeu o estrelato: um corpo que, além do peso controlado, revele saúde e sensualidade.
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Da criolipólise à radiofrequência: qual o corpo da moda e os procedimentos mais requisitados?
Busca por corpo saudável e satisfação pessoal deixam de lado obsessão pela magreza e questionam os padrões de beleza e a submissão a procedimentos estéticos invasivos, dando protagonismo a técnicas não-invasivas
“As pessoas querem, cada vez mais, um corpo saudável. Querem ganhar massa magra, fortalecer os músculos, em vez de simplesmente ficarem muito magras. Elas sabem dos benefícios e querem não apenas se sentir bonitas, mas também saudáveis”, conta a fisioterapeuta Flávia Veras, uma das sócias da clínica de estética Vanity, nas Graças, Zona Norte do Recife. A moda mudou: exercícios, procedimentos estéticos, dietas, massagens e recursos da fisioterapia dermato funcional entram na conta, cujo propósito é conseguir um corpo de aparência fortalecida, que denote mais esforços conscientes do que privações.
É uma cidade quente, as pessoas querem exibir o corpo no verão. Mas há uma busca por saúde, autoestima… não se trata mais de uma obsessão pela magreza”, avalia Carol Florêncio, sócia de Flávia. Para facilitar o processo de emagrecimento saudável – resolvido, segundo elas, por uma equação de três elementos: estética, nutrição e atividade física —, a clínica aposta em procedimentos minimamente invasivos, como criolipólise e o chamado Magic Touch Detox (circuito de tratamentos que elimina toxinas e líquidos rapidamente, suprimindo entre 300g e 1,5kg por sessão), além de oferecer Day Spa, treinos funcionais, hidroginástica, tratamentos dermatológicos e pós-operatórios de cirurgias plásticas em geral.
É mais fácil lançar luz sobre as inquietações da atualidade quando a proximidade do verão faz aumentar a demanda por procedimentos do gênero: mais reclusas no tempo chuvoso e à espera da estação mais quente, as pessoas aproveitam essa época do ano para investir em rotinas de aperfeiçoamento do corpo, consolidando novos padrões à mesa dos consultórios. Em Pernambuco, a maioria delas almeja, segundo especialistas locais, “perder medidas”, eliminar gorduras localizadas e reduzir flacidez.
O corpo ideal, cada vez mais livre de medidas preestabelecidas — graças aos pleitos sociais pela ruptura de padrões de beleza opressores —, deve trazer a reboque maior qualidade de vida, bem-estar e equilíbrio emocional. “Conto nos dedos as pessoas que não tinham nenhuma indicação de tratamento e, mesmo assim, nos procuraram. Não há mais essa obsessão. Os pacientes são mais conscientes, mais informados. Vêm porque sabem que precisam de uma mente saudável e um corpo saudável para ter mais qualidade de vida. Estar satisfeito com o corpo beneficia a mente”, avalia Andréa Maciel, especialista em fisioterapia dermato-funcional, osteopatia e gerontologia, cujo consultório funciona em Casa Forte, na Zona Norte do Recife.
“A estética não pode caminhar sem a saúde. Às vezes, a pessoa tem sobrepeso e aquele tratamento estético não surtirá o efeito esperado, porque ela não pratica atividade física, não tem alimentação balanceada”, explica Carol Florêncio, que mantém, junto com Flávia, o reality virtual #Projeto100Dias, alimentado nas redes sociais da Vanity. A ideia é submeter personagens reais a um cronograma de pouco mais de três meses de dieta, atividade física e tratamentos estéticos — ganhos em resistência e autoconfiança são publicados nos relatos em primeira pessoa.
Corpo saudável, mente saudável. “A auto-imagem, aquilo que enxergamos em nós mesmos, é fundamental para a autoestima, o bem-estar, a autoconfiança. A visão positiva do próprio corpo nos faz sentir mais confiantes, poderosos. Todo mundo precisa se aceitar, mas também se melhorar, se sentir melhor consigo mesmo”, pondera Andréa Maciel. Num mundo em que se desconstroem cada vez mais os padrões, os paradigmas da beleza ganham novos significados: cuidar do corpo, agora mais real e saudável, pode ser mais uma ferramenta da satisfação de si mesmo, da própria mente. Como tem de ser.