Fusce pretium tempor justo, vitae consequat dolor maximus eget.
Como nasce um perfume: da influência da moda ao processo de fabricação
Nos bastidores da fábrica do Grupo Boticário, em São José dos Pinhais, o lançamento da fragrância Impression ajuda a explicar como nascem novos cheiros
São José dos Pinhais – Em diferentes centros urbanos do mundo, novos perfumes podem nascer todos os dias. Ou, pelo menos, o conceito deles. A partir do mapeamento de estilo e comportamento em pontos estratégicos do globo - como Paris, Nova York, São Paulo -, pesquisadores de marketing e desenvolvimento de produtos apontam tendências que serão, mais tarde, transformadas em cheiros.
A influência da moda sobre a perfumaria explica por que o grunge dos anos 1990, com os cabelos sujos e as calças rasgadas, foi determinante para o cheiro daquela época. Assim como o retorno do mood oitentista às passarelas pode inspirar a criação dos perfumes que chegarão às prateleiras nas próximas temporadas.
A marca, referência nacional em perfumaria, criou cheiros marcantes para o público brasileiro nas últimas três décadas - sendo reconhecida por rótulos como Thaty, Malbec, Ma Chérie, Floratta, Coffee, Free - e abriu as portas de sua fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná, neste mês, para apresentar Impression, primeiro eau de parfum masculino de Eudora, um dos braços do Grupo Boticário - que abrange, ainda, os selos The Beauty Box e Quem disse, Berenice?.
No Brasil, onde a perfumaria de fabricação nacional ganhou força nos anos 1960, com a criação da colônia Rastro (considerada o primeiro perfume brasileiro), e se consolidou nas duas décadas seguintes, a partir do surgimento de empresas como Natura, Água de Cheiro, L'acqua di Fiori e O Boticário, a identidade cultural é ingrediente importante na alquimia de novos cheiros. Os perfumes retêm mais memórias do que tendências, contendo, geralmente, ingredientes típicos da flora brasileira e “contando” histórias com as quais o público-alvo possa se identificar.
Impression, por exemplo, conta a história de um homem maduro, que valoriza sua experiência, a passagem do tempo e o apoio das pessoas à sua volta, segundo o perfumista Cesar Veiga, idealizador do novo cheiro. “Para isso, usamos a sofisticação das madeiras, o fundo quente das notas balsâmicas, nuances de pimenta branca e cardamomo. É um perfume amadeirado ambarado, isso significa que é masculino, sedutor e marcante”, ele explica. A pretensão do grupo comandado por Krigsner é que Impression seja para Eudora o que Malbec foi para O Boticário, um marco referencial no catálogo de lançamentos.
Cerca de dois anos foram necessários para produzir o cheiro de Impression, tempo médio entre a concepção, os testes e o amadurecimento de qualquer nova fragrância até seu envio ao mercado. Parte dos projetos, frise-se, morre durante este percurso: dos 1600 produtos concebidos por ano na fábrica de São José dos Pinhais, onde atuam 250 funcionários (entre farmacêuticos, bioquímicos, engenheiros químicos e biólogos), cerca de 1200 têm chance de chegar às prateleiras. Em se tratando dos perfumes, fatores como durabilidade (fixação na pele), impacto (a primeira impressão) e rastro (o cheiro que uma pessoa deixa para trás) são levados em consideração antes que a fabricação siga adiante.
*A repórter viajou a convite de Eudora
>> Passo a passo
para um novo cheiro
1. Perfumistas e funcionários de marketing e desenvolvimento de produtos são alocados à observação de estilo e comportamento em grandes centros urbanos, chamados de centros olfativos, em metrópoles de referência para a moda. Eles captam tendências que serão transformadas em cheiros.
2. O Núcleo de Inteligência Olfativa recebe o briefing (instruções, missões) do departamento de marketing e desenvolvimento de produtos. Nessa fase, começam as pesquisas mais profundas sobre as tendências e como transformá-las em perfumes. Oportunidades de mercado e nichos de consumo são identificados.
3. Nascem as primeiras amostras. Perfumistas da fábrica e dos centros olfativos se encarregam de cheirá-las, enquanto o laboratório de desenvolvimento começa a dar forma ao que o Núcleo de Inteligência Olfativa idealizou. Essa fase, quando são realizados os primeiros testes para criação da fórmula de um novo perfume, pode se estender por anos.
5. O primeiro teste do novo cheiro é a estabilidade. Neste setor, é determinado o prazo de validade do perfume. Para isso, a fórmula é “estressada” ao máximo, submetida a incidência de luz, pressão e temperatura adversas. A embalagem do produto é testada simultaneamente, a fim de medir sua resistência a impactos e infiltração de luz – se necessário, as embalagens são adaptadas em formato, espessura e cor.
6. Uma máquina simula a movimentação de uma bolsa carregada nos ombros. A ideia é testar a resistência das embalagens de perfume, maquiagem e cosméticos. O vidro de perfume trinca? Os batons se abrem? As sombras se quebram? Perguntas assim são respondidas nesta etapa.
7. Cromatográfos dissecam o novo cheiro. Essas máquinas “abrem” o produto e separam as misturas, a fim de identificar seus componentes e analisar o comportamento de cada substância da fórmula.
9. O novo cheiro está pronto! Ele será enviado ao maquinário da fábrica, produzido em larga escala (dentro de grandes tonéis que, por receberem diferentes perfumes todos os dias, precisam ser higienizados regularmente) e embalado para o consumo.
10. Ainda dentro da fábrica, os cheiros são engarrafados e colocados nas embalagens. Máquinas e pessoas controlam a vedação dos frascos e o acondicionamento do produto. Após encaixotados, os perfumes são enviados à comercialização.
>> CRUELTY FREE
A perfumaria brasileira é um exemplo para o mundo: Grupo Boticário (O Boticário, Eudora, Quem disse, Berenice? e The Beauty Box), Água de Cheiro, L'acqua di Fiori e Natura não testam em animais, segundo a Anda (Agência de Notícias de Direitos Animais).
Leia a notícia no Diario de Pernambuco