Para Matheus, é gratificante recepcionar os turistas e contar a história do Forte de Tamandaré para os visitantes. Foto: Rafael Martins/DP
Algumas pessoas são verdadeiras fortalezas. Matheus Cirino, 19 anos, é um exemplo disso. Há dois anos e meio, deu início (e venceu) uma batalha contra a leucemia. Hoje, curado, o jovem trabalha como monitor no Forte de Tamandaré, cidade onde reside há 13 anos. Recepciona turistas e conta a história do lugar a quem o visita e, assim, ajuda a complementar a renda da casa em que mora com a mãe, um sobrinho e três irmãos mais novos.
Matheus é um dos cinco monitores do Forte Inácio de Loyola. Eles foram selecionados em uma gincana, ainda quando estudantes, após a requalificação do ponto turístico de uma das mais famosas praias do Litoral Sul pernambucano, antes em ruínas e sem qualquer programa de visitas guiadas. “Eu e minha mãe dividimos as contas, ela faz alguns bicos. O salário me ajuda porque, dependendo do mês, tenho mais responsabilidade com a casa do que em outros”, conta.
Com o primeiro contato direto com exposições culturais, Matheus mudou alguns conceitos. “Sempre tive curiosidade em aprender a língua inglesa, mas trabalhando aqui convivo com muitos turistas argentinos e acabei gostando mais do espanhol. Pretendo me aperfeiçoar”, pontua. Além de estar encantado com as questões de história local, o garoto sonha para além dos muros. “Desde que me disseram que biomédicos descobrem as doenças, decidi que vou fazer pelos outros o que já fizeram por mim. Acho isso bonito, essa troca”.
A artesã trabalha desde os dez anos vendendo peças que faz manualmente. Foto: Rafael Martins/DP
De acordo com a secretária de Turismo e Cultura do município, Lizete Maioli, há uma licitação em curso, que definirá quais artesãos ficarão permanentemente no Forte. Ela almeja que o equipamento seja um grande espaço da cultura e crie mais oportunidades para os jovens residentes do município. O administrador do espaço, Jeová Sandro de Moraes, conta que o número de visitantes durante a alta estação chega até a 150 pessoas por dia, porém, nos dias de baixa estação o número cai para 25 ou menos. Para ele, a intenção é, que, com a reforma, sejam registradas mais visitações. "A nossa expectativa é que, a partir deste ano, o Forte de Tamandaré seja alugado para grandes eventos”, revela.
Bióloga e apaixonada pelo território em que nasceu, Maria do Carmo Ferrão, escreveu o livro Tamandaré: a história de um município. Segundo ela, o forte é primordial porque toda a cidade cresceu a partir dele. “A primeira fortificação era constituída por madeiras e teve início no ano de 1646. Era mais parecida com uma trincheira. Já entre 1668 e 1674, houve a fundação da estrutura que permanece até hoje”, detalha.
A fortaleza foi erguida como conhecemos hoje em 1674. Foto: Rafael Martins/DP
Segundo Maria, o município - hoje com 22 mil habitantes - possuía uma pequena vila de pescadores e de pessoas que trabalhavam com agricultura. A autora, que já planeja o segundo livro sobre o município, avalia como significativa a reforma no forte. “A história é algo que não podemos perder. O melhoramento do forte era um desejo muito antigo da comunidade local. Uma requalificação como essa é importante, porque nossa história parecia desconsiderada. Agora as pessoas buscarão saber mais a respeito e frequentar mais o espaço”, exalta.
Serviço:
Forte de Tamandaré
Avenida Leopoldo Lins, sem número. Centro, Tamandaré
Horário: todos os dias, das 9h às 17h
Entrada: R$ 5 (inteira), R$ 2,50 (meia). Crianças de 1 a 4 anos não pagam