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Com medo e com vontade: como estudar na Argentina mudou a vida de uma estudante de Belo Jardim

Aluna da rede pública de ensino no Agreste, Ritha de Kássia passou cinco meses em Córdoba estudando espanhol e viu mudar seus planos para o futuro e visão de mundo

Ritha de Kássia sentiu dificuldades no começo, mas logo tomou a experiência na Argentina como um aprendizado de vida. Foto: Rafael Martins/DP

A estudante soube do programa de intercâmbio por meio de uma prima. O programa leva mais de mil alunos por ano para o exterior e, em 2017, selecionou estudantes de 184 municípios pernambucanos. Ela então, o colocou como objetivo, entrou em um curso de espanhol, mas, ainda assim, não estava confiante que seria selecionada. "Sempre tive mais facilidade com a língua espanhola do que com a inglesa, até achei a prova fácil, mas não tinha esperanças, além de ter ficado com medo de deixar minha família. Ao mesmo tempo, eu estava ansiosa para viajar, esperando para conhecer o desconhecido", afirma. O medo foi embora logo que Ritha de Kássia Ferreira de Araújo Silva desembarcou no país vizinho, na cidade de Riosebalios, em Córdoba. Ela não teve apenas uma, mas duas experiências positivas com as famílias que a acolheram no exterior.

A mãe Rosália ficou receosa, à princípio, mas hoje em dia incentiva outras mães a deixarem seus filhos viajar. Foto: Rafael Martins/DP

Na Argentina, as manhãs eram dedicadas aos estudos no colégio e à tarde costumava ficar em casa na companhia da irmã. Conheceu a sua cidade e Córdoba. O começo, confessa, não foi fácil. Mas logo se adaptou à nova rotina e tomou a experiência como um aprendizado de vida. "Aqui, em Belo Jardim, eu tinha meu mundinho e, de repente, tinha que me virar. Não consegui conhecer Buenos Aires porque minha mala quebrou e precisei usar o dinheiro para comprar uma nova. Na escola, eu não tinha amigos, fiz mais amizades com os intercambistas. No começo, sofri de saudade, mas depois me dei conta que eu tinha que aproveitar essa oportunidade única. Inclusive, se pudesse voltar no tempo, eu aproveitaria até mais", garante.

Estudante foi acolhida por duas famílias argentinas e até hoje mantém contato com eles. Foto: Rafael Martins/DP

A mãe Rosália Ferreira de Araújo, autônoma de 43 anos, não esconde o receio inicial com a notícia de que a filha passaria cinco meses longe. "Fiquei feliz e apreensiva ao mesmo tempo porque ela nunca tinha saído de casa. E eu nunca esperei que ela fosse fazer uma viagem dessas, até pelas nossas condições financeiras. Mas se eu soubesse que ela seria tão bem tratada pelas famílias de lá, que não deixaram faltar nada para ela, e que seria uma experiência tão boa como foi, teria ficado mais tranquila desde o começo. Depois fiquei aliviada e, hoje em dia, incentivo outras mães a deixarem seus filhos viajar porque lá são todos muito responsáveis", diz. Ela também sentiu diferença no jeito da filha Ritha ao voltar do intercâmbio. "Ela voltou mais madura, trouxe um conhecimento muito grande e realmente mudou o modo de ver o mundo", confirma.

Intercâmbio foi a primeira vez que Ritha ficou longe da família e do município onde nasceu e viveu até os 16 anos. Foto: Rafael Martins/DP

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