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Unidade de cuidados intermediários neonatal diminui mortalidade infantil em Salgueiro

UCI foi inaugurada em fevereiro de 2016 e o número de óbitos neonatal caiu de 21 para 17 entre o ano passado e 2017

Juliana Leite teve um parto prematuro e Maria Cecília foi a primeira bebê a ser atendida na UCI de Salgueiro. Foto: Rafael Martins/DP

Tudo corria bem com a gravidez de Juliana Leite. Em Salgueiro, sua cidade natal, ela teve acompanhamento de médico particular e realizou todos os exames através do plano de saúde. Porém, a professora começou a perder líquido antes do previsto e precisou de repouso absoluto. Duas semanas depois, com 29 semanas de gestação, a bolsa estourou e o bebê, precoce, precisaria de atenção especial. Juliana havia lido no dia anterior a notícia da inauguração, no Hospital Regional Inácio de Sá, de uma Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCI Neonatal), que trata bebês com complicações após o parto que não forem graves o suficiente para demandar uma internação em UTI. Decidiu ir para lá, onde acreditava haver mais recursos. Maria Cecília, nascida com 1,278 Kg e 44 centímetros, foi a primeira criança a receber os cuidados da unidade de saúde, em fevereiro de 2016.

Juliana passou 47 dias no hospital acompanhando o desenvolvimento de Maria Cecília até a bebê ser liberada. “Até hoje, não sei como consegui, foram momentos muito complicados”, revela. Hoje, um ano e três meses depois, fala, olhando docemente para a filha em seu colo, da escolha pelo atendimento na unidade pública. “Eu tinha plano de saúde que me dava direito a ir para um hospital particular. No público, a gente tem receio que as coisas não funcionem, mas foi melhor do que eu imaginava, os profissionais foram muito atenciosos”, diz. “Maria Cecília poderia ter várias sequelas, mas deu tudo certo e ela só apresentou uma catarata congênita e está tratando. Ela é uma menina saudável, que já fala e caminha", completa.

Célia Cristina elogia o atendimento da equipe médica que acompanhou o nascimento de Arthur e diz que ficou amiga de todos. Foto: Rafael Martins/DP

Com Célia Cristina de Barros aconteceu o mesmo. O que poderiam ser lembranças ruins ou traumáticas, também se transformaram em uma história com final feliz. Ela apresentou problemas no quarto mês da gestação. Um sangramento a levou algumas vezes para atendimentos no Hospital Regional de Salgueiro e o acompanhamento foi de uma gravidez de alto risco. Mas Arthur resolveu nascer de surpresa, com 33 semanas, e a transferência para Petrolina, onde teria acesso à UTI neonatal, não foi possível. Todos os procedimentos foram realizados na UCI de Salgueiro. “Eu tive toda a atenção médica, um cuidado muito grande. Além de profissionais, acabei fazendo amigos. A equipe me deu muita força”, revela, sob o olhar atento da enfermeira diarista e neonatologista Josefina Matias.

Jô, como Célia costuma chamar a enfermeira, foi peça fundamental nos cuidados do pequeno Arthur, assim como de tantos outros bebês que nascem no Hospital Regional de Salgueiro – cerca de 200 por mês. Ela trabalha diariamente no local e revela o envolvimento não apenas com o trabalho. O carinho já revelado no olhar da enfermeira para mãe e filho fica explícito em suas palavras. “Estou aqui todos os dias com as mães, impossível não ter um vínculo. A gente acaba criando um laço e precisa ser parceiro e amigo, além de profissional. É muito gratificante ver a mãe saindo feliz e, inclusive, costumo procurar as mães depois para saber como estão as crianças. Até mesmo as que vão a óbito eu ligo para as mães para dar uma força”, conta.

Implantação da UCI em Salgueiro é importante para população local e do entorno, já que unidade mais próxima fica a 250 km. Foto: Rafael Martins/DP

UCI agiliza o atendimento e conta com uma equipe multidisciplinar. Foto: Rafael Martins/DP

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