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Quando a cura está próxima de casa: acesso a cirurgias acelera recuperação de pernambucanos do interior

Iniciativas como a contratação de médicos especialistas em hospitais como o de Limoeiro, no Agreste, promovem descentralização da promoção de saúde e abrem espaço para qualidade de vida no interior do estado

Vicente do Nascimento foi operado dois meses depois de ir no hospital de Limoeiro e agora já sonha em voltar a plantar. Foto: Rafael Martins/DP

Dez quilômetros de estrada de barro, pasto e gado marcam o caminho até a casa de Vicente do Nascimento, de 62 anos. Ali, na zona rural de João Alfredo, Mata Sul do estado, tudo o que se escuta é o som dos passarinhos. Para alguns, uma rotina monótona, para ele, a realidade de uma vida inteira. Feijão, milho, macaxeira e batata plantados no quintal garantem a alimentação da família. A vida simples estava sempre em ordem até o agricultor descobrir uma hérnia abdominal. Os "ardores" no pé da barriga se transformaram em uma espécie de nódulo. "Eu sentia muita dor. Fui socorrido três vezes para o hospital", lembra. Não tinha mais forças para o trabalho sacrificante da plantação. Sentia medo da fome. Desesperou-se. "Meu amigo disse para eu procurar o hospital em Limoeiro porque lá era rápido. Dois meses depois estava operado", conta.

Equipe foi reestruturada e, em um ano, o número de cirurgias eletivas aumentou em 75%. Foto: Rafael Martins/DP

Os dois meses entre a primeira consulta do agricultor no Hospital Regional José Fernandes Salsa e o dia da cirurgia foram dedicados a uma série de exames pré-operatórios. A rapidez no atendimento é resultado de uma reestruturação na equipe médica do hospital: em um ano, o número de cirurgias eletivas (aquelas sem caráter de urgência) aumentou em 75%. Hoje, sete médicos trabalham só neste setor da instituição e se revezam em cerca de 50 cirurgias semanais. Parte destes contratados estão entre os 5,4 mil profissionais da área da saúde trazidos para instituições em todo o estado desde 2015. Médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros foram distribuídos em hospitais de referência de todas as regiões. A vontade de trabalhar, somada com a oportunidade oferecida para cada um deles, rendeu bons frutos para toda a instituição, mas principalmente para os pacientes. "Eu não consigo nem agradecer a atenção da equipe. Aqui parece um paraíso", brinca a agricultora Cláudia Santiago, de 36 anos. Ela passou uma semana em observação na instituição após uma cirurgia para retirada de cistos ovarianos. O tempo foi curto, mas suficiente para decorar o nome de todas enfermeiras, técnicos e até mesmo membros da organização do hospital.

Quadro de agradecimentos à equipe médica mostra gratidão dos pacientes pelo atendimento. Foto: Rafael Martins/DP

Família do agricultor recebeu ajuda dos vizinhos para se alimentar, mas agora ele não sente mais dores e já faz atividades leves. Foto: Rafael Martins/DP

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