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ENEM 2021

Controverso Enem 2021 chega ao seu segundo dia de provas com baixa adesão

Publicado em: 28/11/2021 14:54 | Atualizado em: 29/11/2021 00:24

 (Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco)
Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco
Neste domingo, 28 de novembro, foi iniciada a aplicação do segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, com as provas de matemática e ciências da natureza. O Exame deste ano, assim como em todos os que o antecederam na atual gestão do governo federal, está repleto de polêmicas. 

Baixo movimento

Os problemas vão desde a recusa da isenção de taxa para alunos que faltaram ao exame de 2020 por medo da Covid-19 (e posterior reabertura do prazo de solicitação), até a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que a prova teria “a cara do governo” acompanhada de demissão em massa no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com denúncias de ingerência do governo sobre os conteúdos da prova. 

Tudo isso levou a um cenário com um segundo Enem realizado sob o fantasma da Covid-19, crise econômica e alto desemprego, que culminaram num cenário em que a maior prova de acesso ao ensino superior do país teve somente 3.109.762 inscritos, menor número desde 2005, quando o exame ainda servia apenas para avaliar a qualidade do ensino médio. A esse quadro, soma-se uma abstenção de 26% dos inscritos no primeiro dia de provas. 

Neste segundo domingo de Enem 2021, locais que estariam normalmente lotados de estudantes, familiares e comerciantes, como as vias de acesso aos blocos da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), tradicional ponto de aplicação da prova, havia poucos alunos até instantes antes da abertura dos portões, quando comparado ao movimento habitual. 

Protocolos contra a Covid-19

Mesmo do lado de fora do local de aplicação das provas, a maior parte dos inscritos estava utilizando máscara de proteção facial contra a Covid-19, item obrigatório de acordo com o Edital do Enem 2021, e que deve, necessariamente, ser utilizado de forma correta, ou seja, cobrindo o nariz, boca e queixo dos participantes. 

Durante a cobertura, a equipe do Diario de Pernambuco chegou a flagrar um estudante que tentava entrar sem máscara ser repreendido pelo fiscal, porém outro participante com o nariz descoberto passou despercebido pelo profissional em meio a outros alunos. 

Questionado por esta repórter, o responsável pela fiscalização (que estava com um crachá que identificava sua função, mas não continha nome) afirmou que o rapaz cuja máscara estava posicionada de modo inadequado “não passa nem do elevador” sem receber ordens para ajustar o equipamento de proteção. 

Tensão, expectativas e sonhos

Mesmo em meio a tantos problemas enfrentados ao longo do ano inteiro, com a pandemia e dificuldades para estudar, além de más notícias sobre a prova e sua organização inadequada, envolta em polêmicas um ano após o outro, os estudantes que têm o privilégio de conseguir atravessar essas barreiras com muita dificuldade e esforço chegam até a porta da prova movidos pela força de vontade para alcançar o sonho de ingressar em um curso superior.

Analice Firmino de Oliveira, 43 anos, tem uma longa experiência com provas do Enem: já perdeu as contas de quantos fez. Atualmente cursando licenciatura em filosofia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),  ela deseja iniciar e cursar simultaneamente, segundo ela, por amor à área de estudos. Sua aspiração profissional é se tornar professora, tanto de história quanto de filosofia. 

Cadeirante, Analice elogiou a estrutura de acessibilidade deste ano que, segundo ela, correspondia ao que havia solicitado no ato de inscrição. "Ano passado foi um terror. O apoio do pé era ruim e a carteira, que também precisa ser adaptada, era péssima. Na avaliação, fui bem honesta e esse ano foi ótimo", disse a estudante.
 
A internet, segundo Analice, foi fundamental para ela conseguir se preparar para o Enem e, paralelamente, dedicar-se ao curso superior, que permanece na modalidade a distância. Disposta a estudar por toda a vida, Analice ainda deseja cursar Administração num futuro distante. "Estou sempre aprendendo, nunca podemos parar. Quanto mais a gente pensa que sabe, menos nós sabemos".
 
 (Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco)
Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco
 

Já Dayana de Paula Santos tem 18 anos, cursa o 3° ano do ensino médio e está fazendo seu segundo Enem com o objetivo de ingressar no curso de psicologia. A jovem não tem computador, mas conta que conseguiu estudar através do celular, mesmo que, por vezes, enfrentasse problemas de conexão. 

Seu primeiro dia de provas foi tenso em razão da redação, cuja proposta julgou "complicada e inadequada para jovens", além de "muito abrangente, como o governo disse que seria", com textos de apoio que não ajudaram. 

Dayana se queixou, ainda, das questões sem charges e com textos demais, o que ela acredita ter sido causado por questões políticas. Para ela, a falta de charges e maior presença de questões com longos textos e grande presença de perguntas sobre a ditadura civil-militar brasileira denotam interferência e censura do governo Bolsonaro sobre o Enem.
  
Neste segundo dia, em que responderá às provas de matemática e ciências da natureza, Dayana está tensa por dominar menos estás áreas do conhecimento. "Eu sou mais de humanas, mas na hora do Sisu, para o curso que eu quero, as provas de humanas, redação e linguagens têm mais peso", contou a jovem.
 
 (Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco)
Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco
 
 
João Guilherme Félix Barbosa tem 17 anos, cursa o 3° ano do ensino médio e está fazendo seu terceiro Enem, com o objetivo de cursar medicina. Para ele, foi mais fácil estudar a distância em 2021 que no ano passado, pois o hábito adquirido com o modelo de ensino remoto fez diferença. “Consegui conciliar o cursinho e o colégio com as aulas on-line”, disse o estudante.

Neste domingo, o jovem está tranquilo para ir em busca, principalmente, das questões fáceis e médias, deixando as mais difíceis para o final, com o intuito de balancear sua pontuação de acordo com a Teoria de Resposta ao Item (TRI). 

Já no primeiro dia, João Guilherme considerou o tema da redação muito específico, porém considera que as questões foram boas e mantiveram um nível de dificuldade balanceado, como nós anos anteriores. No que se refere aos protocolos de prevenção à Covid-19, o estudante afirmou que todas as normas foram devidamente seguidas.
 
 (Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco)
Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco
 
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