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Recado a Bolsonaro: Castello Branco explica o 'mind the gap' da Petrobras

Publicado em: 25/02/2021 16:38

 (Segundo o presidente da empresa, lema busca reduzir a diferença de performance entre a estatal e as petroleiras internacionais. Mercado acredita se tratar de recado a Bolsonaro. Foto: Reprodução/Internet)
Segundo o presidente da empresa, lema busca reduzir a diferença de performance entre a estatal e as petroleiras internacionais. Mercado acredita se tratar de recado a Bolsonaro. Foto: Reprodução/Internet
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, surpreendeu ao apresentar os resultados financeiros da empresa nesta quinta-feira (25) usando uma camiseta com os dizeres 'mind the gap'. A frase, usada no metrô de Londres, significa 'cuidado com o vão' e foi vista como um recado ao presidente Jair Bolsonaro, que nomeou o general Joaquim Silva e Luna para o posto de Castello Branco e tem prometido mais mudanças na Petrobras.

Castello Branco preferiu não comentar as decisões de Bolsonaro, mas manteve a camiseta ao conversar com jornalistas sobre o balanço da Petrobras nesta quinta-feira. Questionado sobre o assunto, ele explicou que 'mind the gap' foi o lema adotado pela diretoria da Petrobras na elaboração do planejamento estratégico da empresa. O compromisso, segundo o executivo, era "fechar o gap/vão" que separa a Petrobras dos seus pares internacionais.

"Nós optamos pelo 'outside view', por nos comparar com o que há de melhor, e ter o compromisso de 'mind the gap', fechar o 'gap', fechar a diferença de performance que nos separava das melhores companhias de petróleo do mundo. Nosso time enfrentou esse desafio. E, pelos resultados apresentados em 2020, aparentemente conseguimos progredir muito nesse fechamento do gap", afirmou Castello Branco.

A Petrobras apresentou um lucro líquido recorde de R$ 59,8 bilhões no quarto trimestre do ano passado. Com isso, conseguiu um lucro de R$ 7,1 bilhões em 2020. O resultado é 82% menor que o de 2019, mas é melhor que o esperado pelo mercado, que projetava um deficit para a estatal por conta da crise da covid-19 e da queda dos preços internacionais de petróleo no início da pandemia do novo coronavírus.

Castello Branco disse ainda que a Petrobras foi a única das grandes petroleiras do mundo a aumentar a geração de caixa e reduzir a dívida bruta em 2020. "O fluxo de caixa foi o maior de todos, embora seja uma empresa estatal, sujeita a uma série de restrições e menor que as outras", acrescentou.

Despedida
O executivo disse, então, que deixa a Petrobras feliz com os resultados obtidos nos últimos anos. "A Petrobras em 2020 conseguiu vencer o ambiente extremamente desafiador causado pela pandemia e pelo forte choque negativo sobre a indústria de petróleo em termos globais. Como eu havia prometido nos momentos mais difíceis da recessão, em abril do ano passado, nós nos comprometemos a promover uma recuperação em J, a sair da crise melhor do que começamos. E, de fato, isso está se realizando", afirmou.

O executivo disse, também, que ainda há muito o que se fazer na Petrobras. Afinal, a empresa ainda tem 50 ativos à venda e uma dívida de US$ 75 bilhões. Por isso, fez questão de ressaltar que quaisquer mudanças na política de preços pode causar consequências negativas para a empresa. Segundo Castello Branco, não há exagero nos preços dos combustíveis brasileiros, pois os preços buscam paridade com os preços do mercado internacional, mas ainda estão abaixo da média mundial.

Bolsonaro, contudo, tem criticado os reajustes da gasolina, do diesel e da gás de cozinha. Nesta quinta-feira, por exemplo, o presidente disse que toda estatal precisa ter uma visão social, além de previsibilidade. Por isso, o mercado teme que o governo proponha mudanças na política de preços da Petrobras após a saída de Castello Branco e a posse de Silva e Luna.

Muitas analistas continuam enxergando, portanto, a camiseta de Castello Branco como um recado de que é preciso reduzir o 'gap', isto é, a diferença entre os preços nacionais e os preços internacionais de petróleo.
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