Economia

Bacia leiteira sobre perdas e Estado pede apoio da União para ampliar programas de distribuição

A bacia leiteira de Pernambuco é mais um setor produtivo afetado pela pandemia da covid-19. A cadeia está lidando com dificuldades pontuais de distribuição da matéria-prima, o leite fluido, e com a queda da demanda por laticínios, impactada pelo fechamento temporário de bares, restaurantes e hoteis. A perda da produção nos últimos oito dias, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite-PE), Alex Costa, chegou a 150 mil litros por dia, o que corresponde a 10% da produção diária no Agreste do estado. %u201COs queijeiros, que são os maiores compradores do leite fluido, já não estão mais comprando. A demanda deles chega a 200 mil litros/dia%u201D, comentou Costa.

Para minimizar perdas, o Governo de Pernambuco está solicitando recursos à União para ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa do Leite, de R$ 9 milhões e R$ 3,5 milhões mensais, respectivamente. Se o pleito for atendido, esses itens podem passar a integrar a cesta de alimentos distribuída aos alunos da rede estadual de educação. A medida depende do repasse federal. Veja os números no fim da reportagem.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, os problemas de distribuição citados pelo Sindileite ocorreram porque alguns municípios do interior entenderam que o decreto do governo

do estado, que restringe o transporte intermunicipal de passageiros, incluía cargas. Já há diálogo com os prefeitos dessas localidades e Peixoto reforçou que é necessário que cargas de alimentos, medicamentos e materiais de limpeza não sejam retidas.

CADEIA

Segundo presidente do Sindileite-PE, antes dos reflexos da pandemia, o setor estava em boas condições, com produção crescendo em mais de 10% e chuvas contribuindo para a qualidade do pasto. Costa explicou que o prejuízo se desenha em cadeia: sem ordenha, as vacas adoecem; sem entrega, o leite apodrece e vai para o lixo; o produtor da ponta perde; os queijeiros, idem. %u201CSe a distribuição para a população é afetada, pode haver aumento do preço final sem justificativa na produção, além de um iminente desabastecimento%u201D, completou.

A estratégia, segundo Costa, está sendo a produção de queijos que têm maior vida útil, como parmesão, reino e de coalho. %u201COs produtores têm nos procurado em buscar de uma solução imediata. Não pode ser para daqui a 30

dias, leite não aguenta esse tempo todo%u201D, disse.

Os principais municípios que formam a bacia leiteira de Pernambuco estão no Agreste, 27 no total: Águas Belas, Bom Conselho, Buíque, Caetés, Capoeiras, Garanhuns, Iati, Itaíba, Lajedo, Paranatama, Pedra, Saloá, Tupanatinga, Venturosa, Alagoinha, Altinho, Belo Jardim, Cachoeirinha, Ibiorajuba, Pesqueira, Poção, Sanharó, São Bento do Una, São Caetano, Tacaimbó Arcoverde e Manari. No Sertão, são produtores do setor os municípios de Bodocó, Exu, Ouricuri, Granito, Afrânio e Araripina.

NÚMEROS

Números do Programa do Leite de Pernambuco

HOJE, 984 mil litros de leite são distribuídos por mês, sendo 886 mil litros de leite de vaca e 118 mil litros de leite de cabra que atendem a 31.754 famílias de baixa renda em Pernambuco.

COM A AMPLIAÇÃO DO PROGRAMA, mais 82.246 famílias passariam a ser atendidas, chegando a um total de 114 mil.

Recursos solicitados para a União:

Programa de Aquisição de Alimentos: R$ 9 milhões

Programa do Leite: R$ 88.726.700, o que corresponde a R$ 3.500.000

mensais.

Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco

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