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Primeira etapa de programa de apoio a startups locais chega a Pernambuco

Publicado em: 17/01/2020 08:30 | Atualizado em: 16/01/2020 15:50

Programa Conecta Startups Brasil reúne empreendimentos de todo o país. No Nordeste, são 19. (Foto: Patrícia Monteiro / Esp.Diario)
Programa Conecta Startups Brasil reúne empreendimentos de todo o país. No Nordeste, são 19. (Foto: Patrícia Monteiro / Esp.Diario)
Soluções criativas e diferenciadas para os mais diversos desafios vindas da maioria dos estados nordestinos. Todas reunidas em um mesmo endereço durante o dia de ontem: o Cais do Sertão, no Bairro do Recife. Assim foi o Welcome Aboard, primeiro encontro de boas-vindas, para o Nordeste, dos participantes do programa Conecta Startup Brasil, realizado com o objetivo de apoiar startups e empreendedores em estágio inicial de todas as regiões do país. O projeto é uma ação conjunta do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Softex e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência vinculada ao MCTIC. O Welcome Aboard, que teve início na semana passada em Brasília, percorrerá todas as regiões brasileiras. Após o Recife, a programação segue por Santa Catarina, Rio de Janeiro e Manaus.

Um total de 100 equipes foram selecionadas no Brasil, 20 de cada região, que buscarão soluções para cada um dos 237 desafios reais mapeados pelas 50 empresas que aderiram ao programa. Dentre elas, nomes bastante representativos em seus segmentos a exemplo de 3M, Grupo Boticário, Natura, Usiminas, Votorantim Cimentos, Johnson & Johnson, Fiat e Basf. São instituições que provêm de todas as regiões do país: 25 do Sudeste, 14 do Sul, sete do Nordeste, três do Centro-Oeste e uma do Norte. Fernando Popó, do Rio Grande do Norte, é responsável por uma das empresas participantes, a Massa Fina. A pizzaria trabalha com seis tipos diferentes de massa e aposta no atendimento a pessoas com restrições alimentares. “Procuramos startups que possam melhorar nossos processos e auxiliar-nos na compra de tecnologia”, afirma. Durante todo o dia, foram feitas apresentações das startups, de algumas das empresas participantes, além de esclarecimento de dúvidas e rodadas de mentorias. 

Os projetos aprovados poderão receber até R$ 200 mil em aportes, ao final das três etapas. A primeira, que começa agora, é a da conceituação e na qual cada participante recebe R$ 20 mil. Na segunda, de validação, é destinado mais R$ 30 mil a cada um. Neste momento, o número de participantes cai de 100 para 50. Na terceira e última fase, a prática, de aprovação e possível venda dos projetos, ficam 25 empreendedores que recebem mais R mil. Ao todo, o investimento dos organizadores é de R$ 100 mil. Além disso, uma rede de investidores e aceleradores (mais de 50) comprometeram-se a investir até mais R$ 100 mil junto aos finalistas, totalizando um aporte total de R$ 200 mil. Rayanne Nunes, gerente de inovação da Softex e coordenadora do programa, fala que a seleção dos participantes foi feita por avaliadores de diversas áreas como governo, academia e mercado. “Utilizamos critérios bem rigorosos para que tivéssemos projetos interessantes capazes de fomentar ainda mais este potencial que todos já demonstraram”, relata. Durante toda a fase de seleção, foi desenvolvida uma série de ações regionais que impactaram mais de 10 mil pessoas com 144 horas de mentoria e seleção de 395 mentores e embaixadores, responsáveis por representar o programa dentro de sua comunidade.

Das 1.877 equipes inscritas no Programa, 27,8% são do Sudeste, 26,3% do Nordeste, 19,5% do Sul, 14,4% do Norte e 12% do Centro-Oeste. São Paulo liderou com maior número de inscritos (190), seguido pelo Rio de Janeiro (127), Santa Catarina (119), Paraná (118) e Rio Grande do Sul (111). Considerando as áreas de atuação, há maior representatividade de empreendedores das áreas de Agronegócio (16%), Saúde/Bem-estar (16%) e Indústria 4.0 (15%). Apesar de todas as unidades federativas do país tenham enviado inscrições, quatro não tiveram startups selecionadas: Acre, Piauí, Maranhão e Alagoas. O Rio de Janeiro foi o estado que contou com maior número de participantes: 12. No Nordeste, o programa conta 19 startups (uma desistiu), com Pernambuco e Bahia respondendo, igualmente, por cinco delas. Diversidade é uma palavra adequada para adjetivar a pluralidade dos projetos apresentados por elas. De formulação de redes para conectar cooperativas agrícolas com comércio e escolas locais à educação musical personalizada, passando por soluções de biorremediação customizada às indústrias, piscicultura inteligente, automatização de escalas de trabalho, computação confidencial e gestão de aluguel de imóveis para curta temporada. As sediadas na capital pernambucana são a Stayhall, Dispor Energia, iChords, Flink e Omniturn.

Lívia Furtado é uma das representantes dos pernambucanos. Gerente de soluções da Flink – Checkout inteligente e sem filas, quinta colocada entre as selecionadas do Nordeste, ela idealizou a startup cuja ideia é voltada para supermercados de um a 12 caixas com o objetivo de solucionar os problemas de experiência do cliente buscando torná-la mais rápida, além de aumentar os lucros da empresa. A tecnologia, em processo de desenvolvimento, a ser utilizada pela Flink, permitirá que o cliente entre no supermercado, aponte o celular para os itens que ele deseje comprar, finalize a compra e saia, eliminando problemas atuais com os serviços tornando a experiência mais rápida. “Aqui, visamos o Supermercados Makro, com quem queremos fazer o match. O programa orienta, entretanto, que precisamos esperar que eles nos liguem. Então, por enquanto, estamos em contato com outros empreendimentos da região mesmo pois não queremos ficar parados”, revela. “Além do aporte financeiro, principalmente para iniciar as etapas de desenvolvimento, umas das coisas que mais valorizamos em estar aqui é a participação nas mentorias e o fato de podermos conversar com startups que já solucionaram problemas com que estamos lidando agora. Então, é uma fase enorme de aprendizado”, analisa. 

Luiz de França é responsável pela startup selecionada em primeiro lugar em todo o Nordeste: o Aula Zero, de Natal (RN), cuja proposta é de educação adaptativa. “Se as pessoas são diferentes, com background e objetivos diversos, por que ensinar e aprender do mesmo jeito? O que pretendemos é otimizar esta trajetória fazendo com que elas aprendam a partir da sua bagagem pessoal”, explica. O projeto permite, também, que o professor tenha um acompanhamento contínuo da progressão do aluno e possui, ainda, aplicações na questão corporativa, para gestão de RH. “No momento em que sei o estado de capacitação do meu colaborador, consigo definir melhor a tarefa que ele deve desempenhar”, detalha. O Aula Zero funciona como uma plataforma de web integrada, com opções de uso por aplicativo ou via computador.

O secretário de Empreendedorismo e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Paulo Alvim, presente na abertura do encontro, falou sobre o momento favorável que o país vive no que se refere ao movimento das startups. “Na última década, avançamos bastante, com resultados muito significativos. Temos o 11º unicórnio e isso é um indicador que a coisa está dando resultado e gerando riqueza”, avalia, complementando que há a expectativa de que o Conecta aconteça novamente. “Na última quarta, tivemos uma reunião no Ministério neste sentido, visto que este é o novo modelo de desenvolvimento de soluções para atender às necessidades, seja do setor produtivo, do meio ambiente e da sociedade como um todo. A startup é um modelo de negócios diferente centrado em resolver problemas, que gera postos de trabalho e ativa economias locais sem as pessoas precisarem sair dos seus territórios”, enumera. Sobre o papel do Porto Digital no pioneirismo desta movimentação, define a iniciativa como um grande celeiro. “Por acaso, tive a oportunidade de acompanhar desde o início. Foi uma convergência positiva de vários atores baseados principalmente na capacidade de formar gente competente. O Porto é um farol que atrai empresas, profissionais e isso se multiplica, a exemplo de iniciativas como Campina Grande e Alagoas (Sururu Valley)", conclui.
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