Economia

Indústria de Pernambuco tem crescimento mensal, mas cenário é negativo

O acréscimo mês a mês provavelmente se justifica pelo retorno da safra da cana de açúcar. Foto: Teresa Maia/Arquivo DP

Ainda que a indústria de Pernambuco tenha registrado um crescimento de 2,1% de julho para agosto na série com ajuste sazonal, percentual acima da média nacional, que teve alta de 0,8%, o percentual não é sinônimo de um cenário local positivo. O acréscimo mês a mês provavelmente se justifica pelo retorno da safra da cana de açúcar. Mas o panorama se revela de forma mais concreta quando os índices são comparados com o mesmo período do ano passado e, neste cenário, o estado teve um desempenho negativo. A indústria local teve queda de 9,2% em agosto em relação ao mesmo mês de 2018, quando o Brasil apresentou um recuo menos acentuado de 2,3%. Já no acumulado do ano, o recuo em Pernambuco foi de 2,3%, contra taxa negativa de 1,7% na média nacional. Os números são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com Cezar Andrade, coordenador do Núcleo de Economia da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), o crescimento entre os meses de julho e de agosto deste ano acontece de forma natural. "Ainda que a pesquisa não analise cada setor neste tipo de comparação, em agosto teve o retorno da safra da cana de açúcar, enquanto em julho não havia essa questão. A variação entre os meses acompanha a alta natural porque o setor de alimentos é bastante afetado com essa volta", explica. Ainda assim, os números revelam que a safra também pode ter sentido efeitos negativos. "O setor de produtos alimentícios teve uma queda de 17,7% em agosto deste ano sobre o mesmo mês de 2018, o que pode indicar que a safra deste ano está menor do que a do ano anterior", completa.

Porém, segundo ele, o cenário só se mostra realmente positivo quando há uma comparação com o mesmo mês do ano anterior por conta do ajuste sazonal. E tanto na relação mês a mês como no acumulado do ano o saldo é negativo no estado e, além do recuo na safra, outro fator também pesou no desempenho ruim de Pernambuco. "Isso pode ser um reflexo da crise na Argentina porque estamos exportando menos e afeta os outros setores e isso justifica a queda no acumulado do ano", afirma Cezar Andrade.

O setor que apresentou o maior recuo, tanto no acumulado (-52,7%) como na comparação mês a mês de 2019 e 2018 (-74,4%), foi o de outros equipamentos de transporte e, segundo o economista, isso é reflexo da suspensão das atividades do Estaleiro Atlântico Sul no Complexo Industrial do Porto de Suape. No acumulado do ano, outros setores que puxaram o desempenho local para baixo foram produtos têxteis (-23,9%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9%); produtos alimentícios (-9%); e celulose, papel e produtos de papel (-7,9%). Já na comparação mensal entre agosto deste ano e o mesmo mês do ano passado, os outros setores que tiveram maiores recuos foram metalurgia (-26%), produtos alimentícios (-17,7%); produtos têxteis (-15,9%); celulose, papel e produtos de papel (-10,8%); e produtos de borracha e de material plástico (-9,5%).

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...