Economia

Madalena e Torre: áreas com potencial para crescer

Em uma cidade como o Recife, de extensa área litorânea e consequente valorização imobiliária deste entorno, morar à beira-mar é privilégio. Algumas regiões mais localizadas na Zona Norte da capital, entretanto, vêm atraindo cada vez mais pessoas para quem a proximidade com o oceano não é indispensável. Bairros como Graças, Torre e Madalena localizam-se em áreas arborizadas, com clima ameno, além de oferecerem uma ampla gama de serviços e negócios.

Que o diga, por exemplo, o vendedor de plantas tropicais Reginaldo José, que comercializa na Avenida Beira-Rio, bairro da Madalena, há 14 anos, e que nem pensa em se mudar do ponto onde trabalha, de quinta a sábado, das 8h às 17h. “Semanalmente, costumo vender cerca de 80 arranjos ou unidades para uma clientela fiel, mas também diversificada. Nunca pensei em sair daqui”, afirma. As plantas, originárias de Aldeia, custam entre R$ 1,50 a R$ 10. A dona de casa Silvana Cruz Souza, 38, também é frequentadora do local com seus filhos Arthur, 8, e Davi, 1. Além das atividades voltadas para as crianças, também aprecia o comércio local onde há movimentação à noite e feira de orgânicos às sextas pela manhã. “Além disso, aqui é muito mais central e próximo ao centro da cidade”, avalia.

A Madalena e a Torre são localidades não inseridas na Lei dos 12 bairros, criada em 2001 pelo então prefeito João Paulo, por meio da qual alguns deles passaram a ter condições diferenciadas de uso e ocupação do solo. A Lei dos 12 bairros engloba Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Apipucos e parte do bairro da Tamarineira. São bairros que tiveram restrição no seu coeficiente de aproveitamento (número que, multiplicado pela área do lote, indica a quantidade máxima de metros quadrados que podem ser construídos em um lote, somando-se as áreas de todos os pavimentos). “Estes locais, não inseridos na Lei, ainda são passíveis de expansão e onde as pessoas podem usufruir de muitos serviços. O Mercado da Torre, por exemplo, inaugurado no início deste ano, é uma resposta ao crescimento do bairro. Não se faz algo daquele tamanho onde não há muita movimentação. Ambos os bairros, além de tudo o que oferecem, ficam próximos ao centro da cidade. Defendemos, sempre, a dinamização destes locais servidos de boa infraestrutura”, afirma Gildo Vilaça, presidente da Ademi.

O Mercado da Torre, que funciona no terreno anteriormente ocupado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), possui área total de 5.700 m2, 18 lojas e 80 vagas de estacionamento. Oferece 15 operações como laboratório, lojas de carne, delicatessens, barbearia, conserto de roupa e praça de alimentação. Segundo Eduardo Batista, um dos sócios do empreendimento, após uma consequente queda no movimento em seguida à inauguração, a frequência volta a ser crescente a cada mês. Para isso, foi realizado um reforço em relação à oferta de itens como eventos, a exemplo dos chorinhos, ao vivo, nos dias de sábado. “Estamos nos moldando ao gosto do nosso cliente, tentando entendê-lo para nos adequarmos 100% ao que pode agradá-lo mais”, explica. A partir desta percepção, já há o projeto de abrir mais duas operações até meados de 2020: no setor de hortifrutigranjeiros e na ampliação da oferta gastronômica. O espaço acaba atraindo até o público de outros locais como Boa Viagem e Olinda.

Para moradores destas áreas, como o advogado Geraldo Pontes Júnior, 65 anos, e a aposentada Maria José de Araújo Lins, 70, a necessidade de mudança de endereço não existe. Geraldo mora na Madalena desde que nasceu. Chegou a se mudar para a Zona Sul ao casar mas voltou ao bairro, pouco mais de um ano depois. “Vivo aqui desde que nasci e o que mais gosto é a pista de cooper, por onde caminho diariamente, às vezes até mais de uma vez ao dia”, afirma. Opinião compartilhada por Maria José, que não troca a pista pelo calçadão. “Aqui há muitas árvores, sombras”, conta.

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